DO OUTRO LADO TEM GENTE

Na última segunda, 18 de setembro de 2017, pela manhã li um texto que fui marcado no facebook por Luciéte Araújo sobre machismo e PALMITAGEM; texto está disponível no portal Geledés, escrito por Caio Cesar dos Santos. Aproveitando, li também “TuPalmitas, e nós preteridas” de Stephanie Ribeiro, disponível no site almapreta. - Ler é importante, aprendi desde cedo. Ler coisas que nos faz (ou pelo menos orienta) a ser melhores e maiores é obrigação de quem tem um projeto na terra. Os dois textos tratam da questão da mulher negra.
O primeiro texto é escrito por um homem, ele tacitamente diz que não pretende, jamais, ocupar o lugar do discurso, que deve ser da mulher negra. Em acordo total. O segundo texto é um pouco mais profundo o debate. Afinal, quem sofre escreve com a alma. É como usar o próprio sangue para expor em palavras os sentimentos e fazer-se inteligível. Somente, pretendo tecer alguns comentários sobre. Sobre o pouco que sei, porque vejo e vivo, e isso me faz ter uma posição sobre o assunto. Por isso, resolvi intitular este texto de: DO OUTRO LADO TEM GENTE. Escrevo para homens e também por obrigação para homens negros.
A gente vem de uma formação muito machista e nossos comportamentos são orientados a sermos machistas, de fato. Tão machista -ou mais em muitos casos- do que os homens brancos. Isso é o que fizeram de nós, mas nós podemos refazer de nós e por nós com o que fizeram de nós. Isso é característica do ser humano e já comprovado há muito tempo, pela ciência. Não podemos mais nos colocar na condição de ser fruto do meio. Esta teoria já foi superada há muito tempo. Me lembro das aulas sobre Lev Vigotsky, inclusive. Nossa interação com o meio é o que nos fórmula. E, podemos interagir melhor. A nossa orientação machista nos leva a não ver gente do outro lado. É somente um pedaço de carne, logo, todas são iguais. Não há distinção. Nem de cor e nem de sentimentos. Sendo mulher está valendo.
Na primeira assertiva não percebe a palmitagem porque pode se tratar de "amor por uma mulher branca" ou de somente um lance, um ficar numa festa... uma paquera. Na segunda se trata do sentimento invisibilizado por nós homens. Nem percebemos que elas, as mulheres negras, sentem em um ou em ambos os casos. É um debate que a gente não faz. Mas, devemos fazer. Este, bem como outros temas urgentes, não pode somente ser debate feito nos grupos das mulheres negras. Somos partes indissociáveis destes assuntos. Parte que atua como algoz. Provocador e beneficiado, em certas e grandes medidas, do não debate; da não reflexão. Nos beneficiamos com os Nãos que as damos de presentes. A presente -conjuntura - orientado por um passado -estrutura - ainda pior, nos obriga a discutir sobre este assunto. Podemos ser melhores, irmãos de cor. Sigamos!

Jocivaldo dos Anjos é escritor e poeta.


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