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Mostrando postagens de fevereiro, 2020
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Terras amiudadas Terras amiudadas são aquelas que se tornam menores pelas perdas. Perdas de gentes, de animais “humanizados” pelas relações estabelecidas, pelo pouco ou falta de carinho e afeto... terras das solidão. Estas terras, quando a visitamos, sentimos-no incompletos também. Pois, é no encontro do chegado e a energia emanada pela terra que se provoca o encontro. Quando a terra visitada não está em sua plenitude o visitante também se incompleta. Há cantos que completam o que procura o visitante, mas também há silêncio, quando procurado. Há árvores que completa o visitante, mas também há deserto. Há cantos, há músicas... há, acima das outras idiossincrasias da terra, os sonhos. Nas terras em que não sonham e são sonhadas, os visitantes desprovidos deles não formam um encontro que sai cheiro. Cheiro de terra e de gente. Porque o cheiro e sonho aumentam o tamanho da terra; e do viajante também. Tem terras que ficam quase arrasada. Terras que perdem a capacidade de tocar as
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Carnaval de Salvador: Quem trabalha? Quem curte? Quem curte e trabalha? “We are carnaval”. Frase de quem so curte. “Uiá carnaval”. Frase de quem só trabalha. As vocalizações consonontaticas ensinam. O policial só trabalha. Quando se despe da farda, alguns ainda curtem. Via de regra descansam para voltar ao batente no dia seguinte. O catador de latinhas só trabalha. Aqueles pulos que dão e as cervejas qhe bebem não é curtição. É a expulsão do que não pode ficar preso sob possibilidade da loucura. Porque o que este povo ganha pra se expor a tudo, a doenças em especial, não permite uma curtição racional. Garçons dos camarotes trabalham. Cordeiros trabalham. Trabalham as cordas para para proteger os que só curtem. Bem como garçons trabalham as taças e comidas nos camarotes para alimentar o gozo, vaidade e herança da servidão dos que só curtem. Já bebi muita batida de tamarindo em carnavais. Capetas, coquetéis... este dono da barraca, mesmo indo atrás do trio, vez em quando, trabalh
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Mulheres jovens e negras e dessocialização do poder: outra face do machismo estrutural “Mais mulheres nos espaços de poder”. Este tem sido um grande tema que consegue aglutinar pessoas e esforços na direção de percebermos o machismo estrutural e termos ações de combate ao mesmo. Este tema no Brasil, tem avançado, (infelizmente ainda apartado da questão interseccional) e tem promovido a presença de muitas mulheres brancas nos espaços de poder. Esta presença caminha para garantir, em partes, a igualdade de gênero nestes espaços. O que, parece ser um avanço quando visto deslocado do atravessamento de raça e classe, nestes espaços. Lógico que jamais podemos desconsiderar a unidade necessária da sororidade para a unidade e ampliação da luta e alcance de vitórias. Mas, com as mulheres negras o caminho tem mais barreiras. O aumento de mulheres nos espaços de poder, no Brasil, ainda tem cor, idade, ascendência família (pedigree), local de nascença e moradia e heranças do escravismo e do
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Controle de resultados ou controle de processos? Um tchoque de gestão No Brasil, devido a carência na formação dos gestores públicos, o que impacta diretamente na construção de indicadores que apontem suficiência avaliativa, a maioria dos mesmos se perdem quando se trata de onde deve ter o olhar mais apurado. Se é no controle dos processos ou dos resultados. Em verdade, muitos não sabem distinguir o que é cada coisa. E, por conta disso, se perdem em tantos “documentos” desprezíveis e controle excessivo da gestão pública. Burocraticizam o processo a tal ponto de o tetravô de Weber ser xingado. Erroneamente. Cursos de formação de gestores públicos no Brasil é algo escasso. Existem muito poucos. No entanto, uma vez investidos nos cargos públicos,  mister se faz, que, os doravante gestores destinem um pouco do seu tempo para se dedicar à formação. Pois, a parca formação gera insegurança. A insegurança gera o medo e o medo é o maior dos males do mundo. Pois o medo faz perseguir o qu
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Matamos mais umas... Todos os dias matamos 12. É uma hecatombe. Uma tragédia social. Um forma de vida asquerosa. Mas, que a gente vai seguindo o baile com flores. Flores, choros e campas. A ideia do sexismo e do patriarcalismo é mais do que uma ideia. Ultrapassa pressupostos teóricos e toma formas de todas as formas para subjugar as mulheres somente pelo seu sexo. E tem mais: - numa das intersecções as pretas alcança um degrau de maior subjugação e desumanização dos seus corpos. E, no imperialismo desta conta está a terceira intersecção: a de classe. (Não adentro aos debates urgentes também, de gênero). Mulheres pretas e empobrecidas sofrem falta de representatividades no esteio do poder no Brasil, por, pelo menos três suposições de representatividades. Homens negros, via de regra, não representam sua cor porque se utilizam do fato de ser macho para dominá-las e “ter em quem mandar”.  Mulheres brancas, por seu turno, representam a luta de inclusão das mulheres sem levar em cont
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Gente grande também tem tio, Tia? Ismael seu nome. Fictício lógico. E, uso Ismael, para aludir ao filho da primeira escravizada, Agar. Mas, ele também tem um nome bíblico. Nome para reafirmar a condição dos desnomeados deste lado do oceano, o povo que veio de África para ser escravizado aqui e ainda hoje continua sem nome ou história identitária. Ismael tem 8 anos e estava vendendo amendoim torrado. Estava de camisa azul. Me lembro que era camisa azul (sou meio esquecido e viajante.. dizem ser coisa de pisciano...) mas, pouco tempo depois, seu irmão mais velho, de 10 anos passou lá vendendo amendoim também e quando falamos que já tínhamos comprado, ele disse: - Ah! Foi na mão de meu irmão. Cadê ele? Bem, Ismael, da “cor da noite” não sabe que gente grande tem tio. Pode parecer que é pureza de criança e inocência. Mas, não é. Um criança de 8 anos que não sabe que gente grande também tem tio deve se socializar como na vida? Quais são as relações familiares que ele frequenta? Com