
24 DE JANEIRO DE 2018: UM DIA TÍPICO NO
BRASIL*
*Jocivaldo
dos Anjos
“Não
pode ser candidato. Se for, não pode ser eleito. Se eleito, não pode tomar
posse. Se tomar posse, não pode governar”. Não. Esta frase não foi dita em 2014
para alinhar a inalienável PresidentA Dilma. Esta frase foi proferida pelo
jornalista Carlos Lacerda no ano de 1950 para tentar alinhar o postulante a
presidente da república, depois de 15 anos governando o país - com golpe e
tudo- (1930 - 1945), Getúlio Vargas e tirá-lo do páre0 de concorrer às
eleições. Getúlio foi candidato e ganhou. Governou até quando pôde. Saiu no
caixão. Mas, não cedeu. Ou melhor, cedeu
a vida no lugar da entrega. Neste país a
história se repete. Como farsa ou como tragédia, viu, Marx!? Se repete. Se bem que Getúlio também não era nenhum
santo, né? Nuremberg queria saber também... mas, este é assunto para outro
texto.
Dia
24 de janeiro de 2018, mais um dia de repetição da história. Devemos
lembrarmo-nos de que já a fizemos de formas distintas em diversos momentos. A
nossa história já foi de revoltas; de levantes; de Canudos, de Balaiadas,
Alfaiates, Malês, Sabinada, Contestados, Vacina, Chibata, músicas e poesias...
Foi e é de quilombo. O fato deste texto ser escrito por mim já apresenta o que
é resistência de um povo.
No
entanto, não adentrando no vergonhoso juridicamente; no torpe socialmente e
seletivo escravagista penalmente; processo que condena o presidente Lula, no
dia 24 de janeiro de 2018 não está em jogo somente um julgamento. Estaremos tratando
da escrita de mais um capítulo da história do Brasil. História construída sobre
os escombros de corpos indígenas e negros e com as canetas preenchidas com o
sangue deste povo para escrever negando, inclusive, a contribuição e existência
deles nestas terras. Feita sob a negação da participação e contribuição das
mulheres e homens negros, para além dos choros da dores. História feita de
nordestinos que somente “serviam a quem vence o vencedor”, - os vencedores
moravam no Sul Maravilha, viu, Camões!? Somente isso. Terras brasilis em que as Ilhas de riquezas
formam o arquipélago desajuntado em geografia e organizadíssimo em sentimentos
de perseguição e de matanças. Dia 24 está na história. Não como um ponto fora
da curva, mas como a lógica. A lógica, Aristóteles? Poderia até ser... mas, D.
Lindu, mãe do Lula, educou seu filho para ajudar a mudar a lógica.
A
lógica, esta senhora da razão, do raciocínio. Esta moça da ciência foi
desafiada mais uma vez. Em outros momentos também o foi e, com tamanha grandeza
para o seu tempo. Agora, em nossos tempos, também representa a mesma grandeza.
Lula desrracionalizou a lógica e lhe pôs poesia. Introduziu a metáforas
futebolísticas para falar que cabia um keynesianismo
na economia. Apresentou para o reinado súditos cansados. Não de trabalho,
mas cansados de ser súditos. E, os reis ficaram sabendo que haviam no Brasil
uma legião de pessoas com capacidade extraordinária para fazer o
neodesenvolvimentismo seguir. Isso foi cutucar a onça varas curtas, Singer? Bem
provável, né!?
O
fato não é este. Somente quero expor que não se trata de amor este texto. Na
ciência tem de caber poesia para que a gente entre. E, que a gente puxe mais
gente, mais gente nossa, como me orienta o maior movimento, a meu ver, de
resistência no Brasil hoje, que são os movimentos diversos, e em várias frentes,
que as mulheres negras fazem. E nos ensinam.
Lula
não desafiou ninguém. Lula negocia até as pessoas perceberem que entre o Estado
e a Nação há pessoas... e, o entendimento de Estado-Nação somente se faz com a
devida porosidade. A questão está em que a elite brasileira foi constituída
pela negação, não pela afirmação. Assim sendo, não era para entrar ninguém. Mas,
entrou. Entrou e fica. Já está na história. Se a história da gente fosse com as
perdas individuais a gente já havia sucumbido. A nossa é coletiva.
Enquanto
gestor e político Lula somente Getúlio, mesmo sendo filho da elite agraria do
Sul, e ainda de concordando com o fascismo em diversas frentes e realizando uma
ditadura sanguinária, ousou a fazer a novidade. E fez. Pagou com a vida. Para
conseguir apontar a arma contra a própria cabeça precisa de ter os 10 dedos da
mão em riste contra. Lula não tem. Somente tem 9. Um dos dedos se foi ajudando
este Brasil a sem maior e caber mais gente. Este que sustentaria não pode ficar
porque não seria ou será usado para esta finalidade. Jamais.
Guerras de posição e guerras de movimento é de
acordo com o tempo, né, Gramsci...? (este teve os olhos ofuscados pela luz da
liberdade italiana a o as retinas não suportaram dois dias foras do Cárcere que
valeu ao mundo os Cadernos). Lula é filho de muitos ensinamentos. Filho e uma
força inaugural. De uma coragem descomunal. De uma audácia sem igual... de uma
perseguição infernal. Não vencerão!
24
de janeiro está na história do Brasil como uma das grandes datas. Das datas que
a gente sente tristeza em que ocorra, mas alegria em viver ao lado de quem tem
coragem. Como diz um amigo meu: “pode
chorar pode mijar” vocês podem até escolher as datas, mas a gente escolhe a
história. Presidente é povo e o povo tem um presidente. Tem o presidente:
Luís Inácio Lula da Silva. Eleição sem Lula é fraude. Sigamos!
·
Jocivaldo
dos Anjos, 20/01/18. É especialista e mestre em Gestão Pública. jocinegao@hotmail.com
* Dia 24 de janeiro de 2018 foi o dia em que o ex-presidente Lula foi julgado e condenado pelo TRF4.
* Dia 24 de janeiro de 2018 foi o dia em que o ex-presidente Lula foi julgado e condenado pelo TRF4.
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