BOM, NÉ?¹
Jocivaldo dos Anjos²



Meus colegas professores e meus pares alunos. Utilizo-me deste cacófato e desta aglutinação formado pela afirmação irônica das palavras bom e né, no sentido de chamar a atenção de vocês para a utilização dos objetos, que poderíamos chamar de adjuntos ou termos acessórios: os bonés.  São acessórios porque são dispensáveis, o que não quer dizer que, via de regra, deva ser dispensado. Assim como os termos acessórios da língua portuguesa. Poderíamos dizer que é uma definição política do termo.

Este amigo dos estudantes e vilão para professores, diretores e coordenadores de escolas (conservadores) deve ser tirado do armário e ser um objeto de estudo e discussão por parte da comunidade discente e docente. Que, alias, o discente diz que sente e o docente (cônscio) sente dó também quando não percebe a ressonância no dizer do primeiro.

O boné, tema deste texto, deve sair do armário não só para ser objeto de estudo, mas também ser o acessório utilizado pela maioria da juventude nas escolas. Claro, os que assim desejarem, pois não podemos fazer da escola o oposto da sociedade, uma vez que na rua, em casa, ou em qualquer outros lugares este acessório torna-se quase essencial. Até que se prove o contrario, desconheço alguma pesquisa que comprovasse que o seu uso teria influenciado negativamente no aprendizado dos seus usuários.

Meus caros diretores de escolas, nós professores escutamos diariamente, por parte dos alunos, principalmente, além de alguns pesquisadores, que a escola não é atrativa; de que é atrasada; de que não inova... Dentre tantos outros adjetivos que não nos faz bem escutar.  Vejamos... O boné é o símbolo máximo de expressão da juventude, logo para o jovem utilizar o boné é algo que o torna mais jovem, dotado de toda a beleza e sonhos da juventude. É a sua expressão que o boné representa. A sua cara. Senhores e senhoras, a escola é para os estudantes e ao contrario não é verdadeiro, pois em todos os lugares é possível de se estudar, mas, a escola só existira se existir alunos, que podem ser estudantes ou não, aí vai depender, e muito, das condições ofertadas para tal. E não os devemos tratar no sentido lato da palavra, como seres sem luz, porque todos eles têm sim suas luzes. Só nos resta possibilitar que as mesmas sejam acessas e, por eles próprios é nossa facilitação. Podemos e devemos até mostrarmos ou informarmos onde se encontram os instrumentos para tal, mas não pensarmos por eles e acender suas luzes, os vendo como tabuas razas, o que alias, já é teoria superada.

Caros e caras colegas, a nossa escola não pode e nem deve ser sempre um aparelho ideológico do estado ipsis litteris, pois, ela não apenas reproduz a sociedade, mas também a produz e é ao produzi-la que a intervenção na vida dos estudantes se faz mister, se faz útil porque devemos produzir possibilidades de combate às praticas de preconceito e querer proibir o uso do boné em sala de aula é a negação do direito geracional. Trata-se em poucas palavras de uma discriminação e de um preconceito geracional. Se sou velho e quero permanecer velho tenho todo o direito disso, entretanto o fato de eu ter esse direito e ocupar espaços de direção não outorga-me o direito de tolher o direito de quem quer ser jovem. Pois, a juventude é uma dádiva que pode até ter tempo de começar, mas que só envelhece quando o seu uso permite o envelhecimento.

Já dizia o grande e eterno mestre Paulo Freire, “estar sendo é uma condição para ser”, logo, para ser jovem é preciso estar sendo jovem, não é de cabelos cortados como executivos ou policiais ou áreas afins que o estudante vai se perceber jovem, necessariamente. Ser jovem é querer ser diferente e compartilhar do que seu pares compartilham; é ter uma rebeldia necessária para a alimentação dos sonhos. O que seria de nós se não fossem os sonhos e se não fossem os jovens? Com certeza morreríamos no tédio das legislações plasmadas para uma sociedade arcaica e feia. Feia sim, porque beleza é um substantivo com status de adjetivo e cada um que cultue a sua! Caros diretores, como fazia parte a geração dos anos 60: vamos sair do gueto para entrarmos no contexto e devemos ser do contexto com diz nossa galera no seu dialeto grupal.

Rever questões subjacentes pode ajudar e muito resolver parte dos prolemas da nossa educação porque, meus caros, não basta só a UNE solicitar e lutar para que parte do Pré-Sal seja direcionado para a educação, é mais que necessário que o seu uso seja em prol dos sujeito alunos e de todo o corpo que compõe a escola baseado principalmente no respeito, porque assim será muito bom, né?




















1. Analise sobre o uso do boné em sala de aula. Após cerca de 10 anos em sala de aula e percebendo o tratamento que é dado ao uso do boné em sala de aula, onde as vezes ou usuários do objeto toma até suspensão. Ao avaliar estas questões percebi um preconceito geracional em sua proibição e decidi deixar uma parcela de contribuição para o debate sobre o tema.

2. Graduando em letras com Espanhol pela Universidade Estadual de feira de Santana, Pós Graduando em Gestão Pública pela Faculdade de Tecnologia e Ciências – FTC, Secretário de Agricultura do Municipio de Antonio Cardoso e militante político.

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