O MUNDO CINZENTO E O BRASIL DE BOLSONARO¹
Jocivaldo
dos Anjos ²
Quando
achamos que o fundo do poço já chegou, ele surpreende. Ou melhor, aplica o prometido
na campanha e que, alguns dos seus eleitores acreditavam que ele não o faria
por se tratar de questões superadas desde a Revolução Francesa nas sociedades
mais “avançadas” e no Brasil desde a retomada da Democracia em 1988. Mas, ele
consegue colocar em voga.
O
ocorrido neste dia 24 de abril de 2019 foi algo impensado, inclusive, por parte
considerável de seus eleitores³. A medida adotada agride parcela considerável da
população brasileira. E, para além disso fere direitos e garantias positivadas
pela constituição federal. É cinzento o mundo deste rapaz. Não pode ter cor. Se não possui cores já imaginam que não cabe o
arco-íris lá, né? Pode ser uma moção pulsional primária, conforme uma corrente
de pensamento da interpretação freudiana. Algo ligado à repressão. Mas, esta
arena teórica não me cabe – de todo- e nem este texto tem esta premissa.
Delano
Valentim, diretor de Marketing exonerado do cargo, após a construção de um vídeo
com participação das chamadas “minorias”, com certeza não estava preocupado com
as garantias de direitos individuais destas pessoas. É impossível achar que o
capitalismo vai pensar em direitos individuais e coletivos. O capitalismo pensa
no lucro e, assim sendo, ele vai atuar de forma a convencer aquela parcela da população.
Isso é estratégia de comunicação e marketing para o aumento da lucratividade de
tal empreendimento. Neste caso, o empreendimento é o Banco do Brasil, empresa
de economia mista, e, que precisa de garantir lucros. Tanto para o governo quanto
para seus acionistas. Mas, mesmo investindo para o aumento do lucro e o aumento
de financiadores do capital, o senhor do mundo cinzento não consegue ver a cor azul
da garoupa ou o verde do dólar. Antes de qualquer coisa vem o ódio e o mundo
reto, sem curvas, e sem cor. Nem dor percebe.
Senhores
bolsonaristas, isso é a negação do liberalismo, do neoliberalismo e dos ditames
do capital. Pelo amor de Deus, não coloquem esta estratégia na pauta da
esquerda. Isso nem chega ao Estado de bem-estar social. O que vocês têm
defendido não faz parte da liberdade nem econômica (de Adam Smith) e nem das
liberdades naturais (de John Locke). O que vocês defendem pode se comparar ao cesaropapismo, ao totalitarismo, e a um
mundo que ainda não chegou à garantia de direitos. Não estou evidenciando nada
que se aproxime da esquerda. Muito menos das doutrinas do socialismo e a anos-luz
de distância do comunismo.
O
ódio do mundo cinzento supera não somente o capitalismo. Ele é absolutista.
Supera tudo. Possui um valor completo e fechado em si. Melhorem. Sigamos!
1.
Este
texto reflete sobre a decisão do presidente Bolsonaro em tirar do ar uma
propaganda do Banco do Brasil com representações plural do Brasil como a
participação de negros, mulheres, pessoas tatuadas e contemplando a diversidade
de gênero. Como consequência o presidente exonerou o Diretor de Marketing do
Banco.
2.
Jocivaldo
dos Anjos é especialista mestre em Gestão Pública;
3.
Eleitores
de Bolsonaro não são bolsonaristas necessariamente. Os bolsonaristas adoram
estas posturas de negação de direitos individuais e coletivos. É preciso separá-los;
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