OUÇAM O GEMER DOS HOMENS



Ouçam o gemer dos homens
Vejam nosso povo com fome
Vejam gente a murmurar;
Vejam pessoas nas ruas
Estômagos puros e peles nuas
Meu povo ta a chorar

Lembrem da desgraça da opressão
Que venceu ao tempo e atormenta esta nação
Nossa violência institucionalizada
Oprimindo negros, pobres e pessoas “fracas”
Nosso povo dando murro em “pontas de facas”
Costas ensangüentadas a chibatadas

Por que buscastes , Satanás?
Gente além do “assaz”
Para escravizar e matar?
Ouçam o gemer dos chicotes
Nas costas dos homens fortes
Vejam peles a soltar

Onde está o código negro brasileiro
Não vi nem em moda de violeiro
Aos “filhos da noite”: só deveres
D`além mar   ficaram origens
Ficaram lá seus aborígenes
Só o céu protegeu estes seres

Ta aí a nossa falsa democracia
Analfabetos e negros enchem delegacias
“iguais e mais iguais”
Bocas negras só comeram sempre sobras
São as mesmas bocas que reclamando hoje cobra
Justiça, dignidade, respeito e paz

Lembrem-se das mascaras de flandres e chorem
Recordem o calabouço e “implorem”
Deixem estas lagrimas cair
Desgraça! Tanta demagogia
Estupor! Não viram a nostalgia
Deste povo, este país a construir

Dizer que os indígenas não se adequarem?
A trabalhos forcado e ainda quase que os dizimaram
Quem nasceu pra ser escravo?
Os negros? Porque roubaram seus direitos!
O povo que lhes falta o bom e vil dinheiro?
Quanta “filantropia” para com meu povo bravo!

Havia até organização para o desrespeito
Não se ouvia a dor em seus negros peitos
Mas se escutava os estalos nos lombos
Só para não “se meterem a besta”
Nos pelouros ou em pequenas nesgas
Daí porque a formação dos quilombos.

Mais desumano ainda era a pena de morte
Coitados dos coitados que de lá vinham sem “sorte”
Aqui eram executados
Quem tentava conquistar a liberdade
Fugindo e lutando por outra verdade
Em frente a todos, trucidados

Que grande erro cometeu o escritor
Dizer que éramos submissos ao escravizador
Afirmando ser aceitação
Dizia: “- Se acostumava com o cativeiro
Por não terem um espírito guerreiro
Eram compatíveis com a escravidão”

Quem vai pagar pelo sangue derramado?
Pelo grito oprimido dos famigerados
Quem pagará por tantos negros enforcados?
Ninguém paga, não é tradição nacional
Alguém pagar tendo este o capital
Brasil nação de dissimulados

Corrente, gagalheira, tronco, anjinho
Peia, máscara para o “povinho”
Algema, golilha, Deus! É o inferno.
Bacalhau, Palmatória, e outros... tomaram
Impetuosamente, coitados choraram
Ferida a pele com marcas de ferro.

Como herança hoje temos favelas
Temos fome, frio, presídios e seqüelas
Uma “raça” que rir e outra a chorar
Lugares determinados e ”só” brancos no poder
Preconceito a crescer e um povo a sofrer
Uma etnia que domina e outra a reclamar

Irmãos! Lembrem da luta para livre sermos
Bondade da filha do rei? Grande erro
Conquistamos nossa liberdade
Hoje vale a luta por direitos
Não se sujeitar a estes certos sujeitos
Que escondem a triste veracidade

Valeu Antonio Frederico de castro Alves
Valeu grande Zumbi dos palmares
E a todos que junto a nos lutaram
Meu povo, esta luta não acabou
E o sangue que meu povo chorou
É prova de que eles se amavam

Descortinar demagogias de pedantes
Denunciar este país racista e arrogante
Vergonha! Escolhe-se ainda pela cor
Pior ainda são os negros – brancos
Quiçá não conheceram os Bantus
Ou se esqueceram de lutas e dor

Nossa voz não vai se calar
Nosso povo vão se libertar
Veremos raiar a liberdade
É hora de mais uma vez afirmar
Que nossa estrela jamais vai se apagar
Nascemos para a eternidade.






Jocivaldo dos Anjos
13/05/2000.










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