1. A sombra do chato
2.jocinegao@hotmail.com
Apregoa-se na sociedade mundial que todo político tem que ter uma equipe de trabalho. Um grupo que seja competente, que consiga passar para o político segurança e seja capaz de fazer as articulações, enquanto o papel do político é obviamente fazer política. Fazer política parte do principio etimológico da palavra, que tem sua origem na palavra grega Polis, que significa cidade, que era o lugar onde acontecia de fato a política. Aparecer em publico, demonstrar segurança nas coisas, conhecimento, ter a resposta para tudo, mesmo que não tenha a solução e ser racional parecendo que é emoção.

Cientistas políticos afirmam que todo o político deve ter a capacidade de discernimento das coisas que acontecem a sua volta, deve coordenar o seu grupo com maestria e conseguir resolver as divergências internas (que sempre ocorrem em todos os espaços de embates políticos). E, para alem disso: O grupo deve sempre estar unido e percebendo da importância daquele líder político, tanto na vida social dos seguidores, como na vida pessoal.

Ultimamente temos percebido um cambio na forma de se fazer política. Os pensamentos milenares de Sun Ti Zu, Maquiavel, Aristotelese outros cientistas políticos mais recentes tem perdido espaço para o famoso marqueteiro político. O Marqueteiro político não tem a dimensão das relações como um todo e nem de sua necessidade para a manutenção e fortalecimento dos processos democráticos; mesmo porque a ferramenta do marketing não é a cão política, mas sim  a maquiagem do político. Para o marqueteiro o político deve , antes de mais nada, se arrumar para ser socialmente aceito por todos. (Deus não agradou a todos, mas o político deve agradar).

O marqueteiro deve fazer do político não o fazedor da política pública, não o mentor e coordenador do seu grupo político, pois nestas ações o político tem que se expor e para o marketing a exposição só da figura  e em momento que seja conveniente com a pintura da forma que o povo pode ver. Estando pintada e maquiada da forma como o “povo gosta de ver” e nas relações políticas dos grupos é diferente, (como diria o Belchior). Nestas relações o político tem que mostrar maturidade e capacidade de coordenação.

Algo que é acordado e entendido entre cientistas políticos e marqueteiros é que mesmo com certo antagonismo de percepções e ótica do objeto em estudo chegam a sem encontrarem no pensamente de que político popular sem grupo não consegue manter-se no poder por muito tempo e , é neste momento que entra uma figurinha carimbada das relações políticas que é conhecido como o
“chato político”.

Um grupo coeso, competente, entendedor, seguidor e admirador do seu líder é o que todo o político quer, entretanto todo o político necessita da figura do “chato”.

O “chato” é aquela pessoa que orienta as ações do seu líder; que ocupa o lugar dele nos momentos difíceis para que caia sobre ele a responsabilidade de uma ação mal fomentada pelo líder; que põe limite para o líder e cria certa “barreira” entre o líder e o povo.  – Pois políticos populares são muito assediados e uma vez sendo assim ele não pode se dar totalmente aos seus admiradores senão nem trabalha e nem vive e também não pode os rechaçá-los, pois não existe político popular sem seus seguidores e admiradores. Logo este político tem que ser o adorado e aparecer para o publico em momentos que tiverem de bom humor e o momento que deve ser seu e de sua família que deve fazer é o “chato”, tentando explicar para as pessoas que naquele instante o político não pode atender que é um momento seu e de sua família etc., etc. e etc., mas geralmente a população não entende e o tacha de chato.

O que seria dos políticos sem estes “chatos”: Provavelmente receberiam ligações das 05hs da manha até a meia-noite; até para tomar banho teria dificuldades pois teria gente para atender; alimentação só quando desse certo e sempre acompanhado com os seus admiradores, a família o abandonaria uma vez que este não teria mais tempo para as relações familiares  e em pouco tempo teria muito mais desgaste porque não teria a condição humana de atender a todos e resolver todos os problemas. Poderia se frustrar em alguns momentos sentindo-se impotente por não ser super-herói e em outros momentos se sentiria incomodado por ter ajudado tanta gente e em alguns momentos estas pessoas não reconhecesse seu hercúleo comprometimento para com os mesmos.

Todas as pessoas devem ter limites para seus atos e para as pessoas populares estes limites devem ser muito dosados para não afastar demais do povo e nem muito aberto para que o povo não ache que aquele sujeito é um patrimônio populacional e deve a todo o momento estar a disposição do seu publico.
Portanto a figura do “Chato“ é de uma importância que muito políticos populares não percebem. Pois, por incrível que pareça sem ele o gestor popular não governaria seis meses. Ele é tão importante que deveria ter um dia especifico para ele: “O dia do chato”. Aliás creio que não, pois o chato já aparece todo os dias colado ao lado o seu líder político, instrumentalizando , instruindo e ocupando os eu lugar, principalmente nas horas mais difíceis. Não há político popular sem o “chato”. Então: Viva o “chato” e sua sombra!













1. Este Texto foi produzido em 06 de Julho de 2008 e  nasce da vivencia com a vida política (com pessoas que desempenham este papel) e das percepções que as pessoas fazem destes “assessores” que tem este papel fundamental que é o de  orientar politicamente o seu líder.

2. Jocivaldo Bispo da Conceição dos Anjos, estudante do curso de Letras com espanhol pela Universidade Estadual de Feira de Santana, militante dos movimentos sociais e populares (negro, juvenil e rural ) e Secretário Municipal de Agricultura do Município de Antonio Cardoso.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Servidor público não tem de ter empatia

Gel é a grande vencedora das eleições 2020 em Antônio Cardoso