E a árvore. Até quando ela resiste?

O verão de 02 foi pesado. Daquele mês que queimam os miolos. Quer dizer, os canais por onde a fotossíntese deveria acontecer. A árvore balançou. Perdeu parte das folhas. Passou por cuidados do florista e do agrônomo. Não caiu. Mas, ficou baqueada. Veio o verão de 04 e novamente não foi menos difícil. Um dos seus galhos cedeu em uma tempestade. Quem conhece trovoadas sabe. Este galho lhe era muito importante para ajudar no sombreamento do solo. Mas... coisa da natureza. A árvore seguiu. Baqueada, mas, ainda de pé. Suportando as dores e chorando sozinha para não deixar que as outras vissem. Às vezes não havia outro jeito. Aí... o líquido jorrava explicitando que a árvore , por mais forte que seja, também sente. Passa-se o outono e tudo ok. Mas, na primavera de 14 um baque pesado na árvore. Chuva de granizo no sertão e pegou a árvore desguarnecida. Levou-lhe um dos seus 3 frutos. Desta vez um fruto pecou. Pecou e caiu. Árvores trata os frutos como filhos. Algo prosopopeico às avessas. Aí, a árvore tremeu. E, se pudesse deixar de existir para o fruto ficar ela toparia. Mas, a árvore é quem sustenta o fruto, né? Teve de observar diariamente aquele galho sem fruto. Como quem observa um guarda-roupa arrumado por aquele que jamais vai utilizar. Mas, não toca nele. Assim foi a árvore com aquele galho. Continuou vendo no galho a possibilidade de o fruto voltar um dia para seu lugar e contrariar a lei da física. Mas... não é assim que ocorre, né? No outono de 19 outunou para a árvore. Foi-lhe mais um golpe pesado. Perdeu desta feita o caule. Árvore vive sem caule? Sim. Ela tem a raiz. Ela, a árvore é a raiz.

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