JOÃOZINHO FORA DE CENA E O ENSINO DOMÉSTICO NO BRASIL
Joãozinho é figura anedótica do imaginário social brasieliro. É o Macunaíma das crianças. Ele é o armador. Aquele que sempre apronta com os coleguinhas e com as professoras. Ex-tias no Brasil. O dono das travessuras. Ao contrário dele está a Mariazinha, doce, meiga, amável menina. Gente boa por demais. Os dois personagens está na mente até de brasileiros não letrados. Pois, entrou nas relações que os muros da escola não consegui segurar. Ou melhor, não foi o muro da escola que o produziu, necessariamente. Mas, a existência de um local de educação coletiva, certamente, povoou o imaginário do seu produtor.
E escola e as relações coletivas tem sido em todo o mundo um local de saberes compartidos além do tecnicismo, mas, de aprendizados. Em sociedades mais avançadas, sobre os Joãozinhos, mas também sobre as Mariões, a escola ajuda a derrubar preconceitos e a afirmar uma ideia de nação plural. Uma na ideia é plural nos costumes. Direitos individuais e coletivos convivem.. Este plural escolar ensinam as crianças a não perceberem nas outras crianças o mal. A exemplo disse vale uma fala de um dos dois meninos no filme O MENINO DA PIJAMA LISTRADO: - “por que ele é mal? Por que eu não posso gostar dele?” É assim as crianças vão tentando ensinar aos “adultos” como pode ser o mundo, enquanto adultos vão, pela via da força, coercendo as crianças as serem más, por necessidades que não lhe cabem. O Brasil abre a ampliação desta fresta com esta tresloucada regulamentação na ordem do dia, pela presidência da república, do ensino doméstico.
Estima-se que no Brasil há entre 5 e 7 mil famílias possui educação domiciliar. Aquela fornecida para filhos (em especial da aristocracia conservadores) podem fomentar em casa e seus pupilos não frequentarem os espaços coletivos de aprendizados. E, neste espectro, o depósito de conteúdos de linguagens, matemáticos e de trabalho, não necessariamente o trabalho como princípio ontológico, se trata de uma máxima. Isso com certas doses de ensinos pelo currículo oculto e mais explícito, ainda mais, do conservadorismo como base de construção de uma sociedade que precisa de se apartar. Teremos os futuros tecnólogos formados nos quintais, nas salas e escritórios dos bem-nascidos no Brasil. Aprenderam com os EUA sobre formas de apartar gentes e aplicam o seu complexo de vira-latas abrasileirado só ofio tupiniquim. Ódio narcísico.
Penso como seria vazio para Vitolino chegar em casa e não poder falar sobre o aniversário do coleguinha, se Sala Malia não poder receber as fotos tiradas nos celulares dos colegas da viagem e mostrar como uma espécie de troféu que somente a interação social produz. Ah! Mas, nem Vítor Akin e nem Sara Maria farão parte deste espectro. - Engano nosso! Se pensarmos pela via da nossa classe social, muitos empobrecidos, orientados pelas igrejas, também em breve, entrarão nesta arena. Pois, a ideologia de dominado está sob o capital do dominador.
Imaginemos uma geração de informados sobre temas “importantes” para a reprodução do modus operandi do mundo todo e sem poder interagir com os coleguinhas sobre as questões da rua, do condomínio, do desenho, das novelas etc. deseducados sobre o contraditório e suas legítimas defesas que constrói uma pluralidade social. Imaginemos não saber o que a coleguinha fez no final de semana? Imaginemos agora que tipo de adultos teremos num futuro próximo quando chegar a vez destes novos “iluminados “ - nada a ver com iluminismo- mandar nas fortunas dos seus pais. Fortunas reais (em dólar) ou fictícias (em fé)?
Pois bem, o mundo cinzento está sendo colocado sobre o mundo colorido das mentes das crianças. Gente grande é cheia de complexos, né, Pequeno Príncipe!?
Jocivaldo dos Anjos é pai de Sara Maria e Vítor Akin e Conselheiro Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente -CECA na Bahia.

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