LULA NÃO SERÁ CANDIDATO. QUE FAZER?

Jocivaldo dos Anjos ¹

Que fazer? Este celebre texto, escrito por Lenin no início do século XX, publicado mais precisamente em 1902, ainda hoje atua como um orientador dos partidos ligados à esquerda no mundo ou com entidades e instituições progressistas em momentos de crise. Entretanto, este deveria ser utilizado somente em momentos de crise, mas em todos os momentos. É bem mais fácil reformar a casa quando ainda não se mora nela. Uma atitude profilática. Perguntar o que fazer a partir de previsibilidades deve-nos ser um guia. A pergunta diária deve ser: que fazer?
Entre a minha parca poesia e sua subjetividade à rigorosa, mordaz e irônica leituras de Paulo Henrique Amorim às excelentes analises objetivas de Nassif há, necessariamente, interstícios que obriga o PT a se colocar de acordo com o que a conjuntura apresenta, de fato. Lula não será candidato.
Lula não será candidato não é porque cometeu algum tipo de crime que seja passível de pena e esta seja a inelegibilidade a partir de comprovações documentais. Lula já está previamente punido e condenado. O judiciário argumentativo baseado num infectado e parcial Common Law já condenou o Lula e constituiu novo fato social e jurisprudência nacional. É imperioso que o PT compreenda que deve discutir as eleições de 2018 sem o Lula. É duro, mas é a verdade. A partir desta verdade algumas perguntas devem ser feitas obrigatoriamente. Diversas perguntas. O que fazer com o PT? Mirar 2018 ou mirar mais à frente? Continuar elevando a tática sobre a estratégia e constituir a estratégia como princípio e a tática como uma atividade complementadora da estratégia?
Num recente texto do Zé Dirceu ele sapientemente já coloca algumas questões acerca de: se o Lula for candidato deve ser com que projeto? Vou um pouco mais além: o Lula não será candidato e, diante disso, qual projeto o PT deverá ter em 2018. Qual a tática eleitoral e qual a estratégia partidária? Deve o partido apresentar um “nome novo” para competir (Gleisi Hoffmann, Jaques Wagner, Lindberg...) ou deve adotar a ocupação do legislativo como a prioridade. Uma vez que com Lula teríamos uma eleição quase que garantida e sem o Lula no páreo teremos uma eleição com muita dificuldade eleitoral. Isso por conta também – ademais do carisma do Lula-Mito - uma estratégia focalizada no personalismo salvador, que o PT engendrou em sua estrutura partidária.  
O PT deve compreender que colocando um nome para o executivo nossa base no legislativo tende a cair quase que metade em condições objetivas de eleição dos candidatos petistas. Pois, os partidos ao declinar apoio a uma candidatura petista, logicamente, colocará à mesa o apoio para seus nomes no legislativo. A pergunta é: Vale a pena rifar o nome do Jaques Wagner por exemplo numa eleição majoritária e deixar uma vaga quase que garantida sua a uma das três cadeiras do Estado no Senado?
Outra pergunta? O PT tendo um nome ao executivo necessitará de compor – e muito- para permitir capacidade e densidade eleitoral. Isso já implica no projeto de governo. Nesta conjuntura que projeto de governo o PT apresentará para a sociedade brasileira? Que impacto este projeto terá sobre a população brasileira, a esquerda e ao próprio PT? Outra composição que devido ao seu engessamento não conseguirá apresentar um reformismo mais forte a partir de aprovação de reformas estruturantes. O PT e nenhum partido no Brasil hoje ganha eleição ou governa sem o centro. O que é o centro? O centro é um amainado de interesses pessoais que vai para onde o ganhador for e sai sem o menor ressentimento ou amor. O centro é o lugar em que o pior da política se expressa. O centro é a negação da política. Uma horrenda conjunção espúria do conservadorismo em seus diversos e piores sentidos. Este é o centro que, se o PT quiser ganhar a eleição para o executivo neste momento, terá de fazer. Seria melhor o PT constituir base mais fortes no legislativo e jogar mais para a frente o seu retorno ao executivo? Que as perguntas baseadas nas estruturas nos guiem e que as conjunturas sejam entendidas como passagem. Sigamos!


1.     Jocivaldo dos Anjos é Especialista e Mestre em gestão Pública, Assessor de Juventude Rural na Secretaria de Desenvolvimento Rural – SDR no governo da Bahia e militante do Partido dos Trabalhadores – PT do município de Antônio Cardoso - BA. Pesquisa Juventude, Lulismo e Desenvolvimento Local. Texto escrito em inicio de 2018.  jocinegao@hotmail.com.

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