O BATISMO DO JOVEM PRETO É O BACULEJO
Baculejar
é um verbo sem capacidade semântica de plurissignificação. Ele, só e somente
só, possui um significado: a abordagem policial sobre as pessoas para a
verificação de legalidade naquele corpo e de coibição caso o mesmo seja caracterizado
à margem da lei. Se assim for percebido a aplicação da lei e o impedimento da
circulação do mesmo será exercida pelos agentes de segunda pública sujeitos
daquela ação, organizada e orquestrada pelo Estado para a garantia da lei de da
ordem social.
Se
baculejar somente possui uma possibilidade de significado, o mesmo não acontece
com o verbo batizar. Batizar possui diversas formas de significação social.
Desde o nascimento e a aproximação cultural com a religião, à entrada nas
brincadeiras, na sexualidade, na universidade etc. Batizar é a primeira vez que
as pessoas exercem sobre determinados conteúdos sociais.
Estes
dois verbos se interseccionam ao tratarmos da juventude preta brasileira. Esta
categoria social tem por principio de aprendizado a abordagem policial em
qualquer momento de suas vidas. Não se trata de uma discricionariedade do jovem
preto. Não se trata de ele jamais cometer algum ato infracional ou crime. Não
se trata de onde ele nasceu... a menos que ele jamais se apareça na sociedade
desprovido da tutela do adulto ou do branco companheiro que, por ventura,
esteja a seu lado: o baculejo é uma regra. Não uma exceção.
O
baculejo orienta o que fazer da juventude preta como a água orienta os batismos
enquanto portadora da limpeza da alma. No caso do baculejo se trata também de limpeza,
mas da sociedade que não permite o colorido em seus trajetos.
Quando
falo que se trata da métrica para o aprendizado a viver em sociedade e compor
um espectro de ódio e medo de policia e de toda a sociedade não estou isentando
os hoje policiais pretos quando eram jovens pretos não. Eles também passaram
por este batismo. Seus filhos também passarão. Muitos hoje, ao se falar que
pode ocorrer com um filho seu, afirmam que tem de ocorrer mesmo e se o filho
tiver errado terá de pagar. Outros reconhecem que há um demarcador de cor de
pele e lugar social de origem e de vivência nestas abordagens, o racismo.
Não
se trata de ser contra as abordagens ou ser pueril em demasia para acreditar
que meninos pretos não cometem erros e, portanto, devem ser penalizados pelos
mesmos ou de desejar a inexistência dos métodos de controle dos corpos em nossa
sociedade. Isso é debate para uma outra quadra. O que escapa aos olhos (e em
forma de lágrimas muitas vezes) é que este demarcador de socialização do jovem preto
tem interferido enormemente na forma como ele percebe a vida, os aparelhos do
Estado e como passa a aprender a dialogar com eles. Nem vou tratar de como
estes aparelhos dialogam com os jovens.
A
questão é que o critério racial é a tônica orientadora do baculejo. Independe
de onde se esteja (social ou geograficamente) em sendo preto passará pelo
batismo ou observara os seus passarem. Adoraria concluir dizendo que Racistas
não passarão. Eles são muitos (tem muito poderes e controles) e tem passado. A
gente é que resiste. Os poucos de nós que conseguimos contar parte da história.
Jocivaldo dos Anjos é mais um baculejado.

Muita verdade nesse texto é a mais pura realidade de nos que
ResponderExcluirSomos menos favorecidos que moramos em bairro periférico é isso aí mim orgulho muito em sabe que um dia vc fará algum de muito importante por nós