EM VEZ DE FILHO DE AGRICULTORES VAMOS FALAR DE JOVENS AGRICULTORES FAMILIARES
“Ser é uma condição para estar sendo”. Assim nos ensinara o mestre Paulo Freire. Afirmando que para que as pessoas se dizerem ser algo precisaria, de fatos estar sendo. Assim, em relação a identidade da juventude rural, cabe-nos uma pergunta: - A juventude rural está sendo juventude rural? Esta pode continuar a ser? Ou não está sendo e, portanto, tem dificuldades a continuar a ser aquilo que ainda não é? A denominação: “filho de agricultor familiar significa ser um sujeito em formação indenitária? Alguém se sente próprio sendo referenciado por outro? Ainda que este outro seja parte deste?
Sem pretensão de apresentar respostas para estas perguntas, mas somente apontar o que podem ser possíveis leituras sobre as respostas é apresentado aqui algumas reflexões.
Quando se fala que o jovem é filho de agricultor familiar ou ele se reporta enquanto tal, nisso existe uma orientação de negação de identidade. Pois, quem é filho de alguém ainda não é alguém. Um dos grandes debates da policy e da politics é sobre a emancipação do jovem rural. O verbo emancipar vem do substantivo em latim mancimpum que quer dizer escravo. Quando se trata o jovem assim, ainda que no seio de uma família e numa relação parental, e- espera-se forjada no amor- o jovem rural ainda é um padecedor do modo de visão para com estes. Os jovens são vistos como outrora, apenas enquanto um complemento na renda. O complemento não é. Apenas complementa.
Pois, uma das respostas nas pesquisas empíricas apresentadas pela juventude rural é a e que elas/es não conseguem obter os recursos produzidos pelos seus próprios trabalhos, e, via de regra, quem se apropria destes rendimentos é o pai. Numa espécie de mais valia familiar. Participa e não decide.
A nomenclatura jovem filho de agricultor familiar traz consigo uma carga pejorativa e patriarcal da juventude rural. Uma definição da negativa de emancipação de uma categoria social.
Assim, o que nos apresenta é, no mínimo, uma redefinição nomenclatural para que possamos propor para fora o que de dentro já oprime: uma política pública para a juventude rural entendendo estes enquanto sujeitos de direitos e não um filho de alguém. Alguém a que estes direitos são anexados. Inclusive a DAP.
Jocivaldo dos Anjos – ASSESSOR ESPECIAL DE JUVENTUDE RURAL – SDR/BA.
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