Para quem serve a avaliação?
1. Jocivaldo dos Anjos
jocinegao@hotmail.com
A avaliação é tida como o maior adversário dos estudantes, pois o seu caráter punitivo é elevado e o seu significado é apenas analisado pela ótica de prestação de contas. No movimento social ela é, geralmente, utilizada nos finais de cada ano para projetar o próximo ano, Alem disso também quando há crise em alguma entidade faz-se uma avaliação para tentar solucionar o problema, que geralmente é de gestão, esta avaliação tem um caráter, ainda que um pouco punitivo, mas o seu principal objetivo é o de solucionar ou no mínimo apontar soluções para o entrave. Avaliar o passado, entender o presente e planejar o futuro, tornou-se o grande jargão em muitas entidades.
Do grego dokimé, avaliar significa dar nota, proposta que também é conhecida como decimologia. Então, logo em todo o processo avaliativo, atribui-se uma nota, seja no intuito de projetar ou no intuito de punir, mas algum conceito é dado.
Um pensador chamado Pierón foi o difusor do método de avaliação através do teste escrito, substituindo assim o método oral, técnica que nos Estados Unidos da América foi também trabalhado por Joseph Rice.
A avaliação dia-a-dia ocupa o lugar de ré na escola, pois se costuma muito, atribuir a ela a culpa de os alunos estarem mal e por isso pede-se um processo avaliativo mais qualificado, quer dizer mais rígido, quer vitimize o professor e culpe os alunos pelos seus fracassos escolares. A proposta de fazer da avaliação um processo continuo e processual não tem tido muito êxito no ambiente escolar. Entretanto existem muito educadores que toma esta metodologia no sentido de contribuir com o desenvolvimento holístico dos alunos. Para a educadora Maria Laura Franco, avaliação apóia-se em quatro pilares fundamentais: Clássico, psicossomático, experimental e descritivo, onde cada um desses assume uma função a depender da pessoa que a utiliza.
Todos sabem que avaliar é acima de tudo julgar, porem para o educador Hadji era alem disso o processo avaliativo era também um ato verificador e situacionador. Onde, alem de julgar, o avaliador antes disso verifica e se situa das condições do avaliado e a partir deste experimento ela dá um conselho, toma uma posição.
A avaliação tem uma longa historia e durante muito tempo ela vem sendo avaliada. Vários estudiosos já a utilizou como tese até mesmo de doutorado, a exemplo de Haroldo Marelim Viana, que em 1988, utilizou, pesquisou avaliou-a e ainda a defendeu em sua tese.
Avaliar também é verificar, verificar tem a sua etimologia na língua latina: verum facere que significa verdadeiro, então o avaliador pressupõe que a sua posição é posição verdadeira. Então, no dia-a-dia quando avaliamos algo, somos tomados por uma alma narcísea e passamos a ser a medida das coisas e parece que a origem da palavra tem uma forte relação com a sua utilização diária no ambiente escolar.
Mas verificar também não é avaliar? Pois vejamos: Se verifico algo tomo uma posição diante daquilo e ao tomar posição estou avaliando. Avaliar é uma pratica recorrente em todas as ações humana.
Do latim avaliar a-valere que dizer dar valor a, o que o Luckesi definiu sabiamente, mas este valor não quer dizer que seja o valor que o algo avaliado mereça. Este é o nosso valor sobre o que estamos avaliando. Logo se ofereço em tal mercadoria R$ 100,00 enquanto o dono está pedindo R$ 120,00 estou dando um valor àquele produto. Só que no caso da avaliação em que estamos tratando o valor que damos não é um valor em espécie, mas que é uma espécie de valor. Espécie que até hoje é contestada principalmente pelos avaliados.
Mas nem todo mundo que escreveu sobre avaliação a tratou como um vilão. Para Cook a avaliação tem uma função energizante, pois a partir de cada avaliação as pessoas avaliadas devem tomar posturas diante de sua posição de avaliado diante da verdade do avaliador.
A preponderância da avaliação como ameaça e punição parece ter tomado conta de tos os espaços onde ela possa existir. Pessoas são demitidas após serem avaliadas, alunos são reprovados e sonhos são dilacerados, muitas vezes sem o avaliado nem saber qual o critério utilizado para aquilo, o que alias e uma idéia defendida pelo Robert Gogne, alem de defender que também deve-se haver a coerência entre o que se ensina e o que se avalia. O que e ensinado para os meninos de rua? E o que e cobrado deles?
Benjamin Bloom defende que em todo o processo avaliativo e necessário que se leve em consideração o ritmo de desenvolvimento das capacidades de cada um.
Se em todo o lugar onde há homem e mulher há observação, julgamento e logo avaliação, este processo não e recente e sim nascido com o homem lá pelos primórdios, corroborando com o pensamento do Stake.
Pode se dizer também que todo ser humano tem competência para serem desenvolvidas e, portanto a avaliação vem a ser o resultado desta triagem, conforme o Robert Gloser. Pedro Demo diz que não há diferença entre quantidade e qualidade e logo avaliar não e só quantificar, mas para alem disso deve-se fazer dois tipos de classificações avaliativas. A qualidade política e o impacto deste processo na comunidade, o que a administração chama de efetividade e os professores chamam de avaliação do qualitativo do aluno. -Recordem dos conselhos de classe-
Alem destas acepções de avaliação que observamos existem muitas outras formas de se (re) pensar a pratica pedagogica, talvez seja o momento de se fazer uma reflexão acerca da avaliação, uma espécie de metaavaliacao. Para que se possa não resolvê-la, pois perderia alem da graça o sentido de se avaliar e esta passaria a ser considerada como algo metafísico, que alias se aproxima em muito as formas de hoje. No, livro Educação em Três Atos, Lea Depresbiteria faz da avaliação uma ré que a todo momento e julgado acusada e defendida. Quiçá estejamos necessitando de fazermos com ela este mesmo processo para podermos refletir o porquê de ela existir e a quem a esta servindo hoje. E nos ao avaliarmos servimos a quem? Por que? Por quanto? E ate quando?
1. Estudante do curso de Letras com Espanhol, pela UEFS, professor de alunos de ensino fundamental, médio e pré-vestibular e militante dos movimentos sociais.
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