UMA RAZÃO PELA JANELA
1. Jocivaldo dos Anjos

O cientista politico André Singer em sua coluna semana no Jornal Folha de São Paulo escreveu neste sábado dia 01 de setembro de 2018 um texto intitulado UMA JANELA PARA A RAZÃO. Singer é um dos mais renomados (se não o maior pesquisador do Lulismo no Brasil) tarefa à qual, de mais distante, tento também me arvorar. Pontuando somente sobre uma parte da população que o Lulismo encerra – como qualquer outro “modelo” de desenvolvimento adotado pelo país-² a juventude. Em espacial a juventude rural me declino a compreender dentro da estratégia lulista na gestão pública.
Logo, me utilizo aqui de uma paráfrase trocadilhada – se permite a língua que negou nesta semana negou,  pelos seus representantes,  a ascensão da primeira mulher negra, Conceição Evaristo, nas fileiras da Academia Brasileira de Letras – ABL. https://g1.globo.com/pop-arte/blog/dodo-azevedo/post/2018/08/30/a-abl-nao-merece-conceicao-evaristo.ghtml.
Mas, retomando a frase de André Singer, que intitula o seu artigo ‘saturnino’ semanal. Singer trata sobre a necessidade reflexiva tanto da esquerda quanto da direita em polarizar a disputa, a esquerda conseguir se organizar a “atualizar” o Projeto e, de o PSDB conseguir sufragar a onda crescente da extrema direita e não permitir que a onda fascista tenha mais forças no país. As linhas que escreverei tomará outro sentido. Somente as palavras do filho de Paul Singer, defensor da Economia Solidária e que foi levado a Orum neste ano de 2018. Tratarei da janela irracional que a esquerda destina para a juventude enquanto estratégia política. Que, passa pelo eleitoral, mas não é só eleitoral e, sem o eleitoral não se sobrevive porque não cria caldo e não azeita a geração e a sociedade para a compreensão da necessidade: a juventude na política.
Ainda no jornal folha de São Paulo nesta semana foi veiculada a seguinte matéria https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/08/dinastias-politicas-do-brasil-lancam-mais-de-60-candidatos-nas-eleicoes.shtml. Esta trata dos clãs da política brasileira e aponta para a renovação etária e o conservadorismo de ideias na política brasileira. Afinal, os jovens enriquecidos – é impossível se enriquecer honestamente no Brasil – chegarão ao espaço de poder não para defender a categoria etária, mas a herança genética e o histórico familiar. Desta forma, tanto faz o herdeiro ter 20 ou 80 anos terá o mesmo resultado. Tal qual no jogo do bicho. 20 é cachorro e peru e 80 é peru e cachorro. Não se muda o bicho, somente os números.
Faz um bom tempo que a esquerda secundariza este debate. Coloca em segundo plano a sucessão geracional no processo eleitoral e impede que se constitua lideres em faixa etária compatível com o que a direita e a extrema direita tem feito. Não trato aqui, de forma alguma, muito pelo contrário, da indicação dos filhos dos políticos na esquerda também. Abominável! Mas, trato do reconhecimento tardio que temos cultivado em reconhecer as novas lideranças e impulsioná-los nos processos eleitorais com vistas a construção de uma sucessão de ideias progressistas em corpos mais jovens e de reorganizar a cultura política nacional.

E NA BAHIA...

Para falar das terras do dendê, o Estado que consolidou a independência; que “mesmo que o rádio não toque e a TV não mostre” continua dançando regue e fortalecendo a cultura. O Estado que “mesmo com tanto mal e tanta dor que invade continua a mostrar que ainda é a alegria da cidade”. Precisamos de falar da Bahia. Da Bahia que Lazzo e Edson Gomes trata na música de forma poética, ao se tratar do povo preto, mas é imperioso falar também da Bahia política e da eleição.
Na mesma dinâmica do movimento nacional a politica na Bahia se renova em idade e se conserva nas ideias. Se nas ultimas eleições os partidos de esquerdas não priorizou nenhum jovem militante legitimado para cacifar e ganhar uma eleição seja para a câmara de vereadores da capital ou Feira de Santana, somente para citar duas grandes cidades ou para ocupar vagas na Assembleia Legislativa ou na Câmara dos Deputados,  a direita – aliada ou não com o projeto encabeçado pelo PT no Estado não fez o mesmo.
Como exemplo majoritário, opositor ao PT,  de representação do clã familiar temos em Salvador o Prefeito da cidade, ACM Neto foi eleito com apenas 23 anos para deputado federal e foi mais duas vezes reeleito. Com menos de 40 anos hoje, já irá concluir o seu segundo mantado como prefeito no ano de 2020 na Bahia e se figura como o líder de seu partido no Estado. Cacifando-se para concorrer o palácio de Ondina nas próximas eleições para governador do Estado.
Mas, em Neto, herdeiro do avô que por 40 anos dominou a política na Bahia não está sozinho. Tem consigo mais alguns fidalgos³. Cacá Leão é filho de João Leão político influente ligado historicamente à direita e hoje vice-governador do Estado. Cacá é deputado federal e concorre mais um pleito. Nesta eleição o senador Otto Alencar potencializa o seu filho Otto Junior para a câmara dos Deputados com fortíssimas condições eleitorais pelo PSD. Ainda pelo PSD o filho de Ângelo Coronel, Diego Coronel deverá suceder o pai, que já possui 7 mandatos como deputado estadual e agora está presidente da ALBA e candidato na chapa de Rui Costa, indicado pelo PSD, para o senado da república. Calma! Ainda não acabou. ³
Rogerio Andrade buscará a herança do gene paterno como o próprio nome já informa. Ele é filho de... ele busca a vaga na ALBA.  Já Larissa Andrade buscará a manutenção “genética” também. Filha de Robério Oliveira, que controla a política nos territórios da Costa do Descobrimento e do Extremo Sul, tendo a mulher, o irmão e demais parentes eleitos na região, também arvora a vaga na Câmara dos Deputados. Laerte Leandro, filho de Vendo de Monte Santo, João Isidoro... estão no páreo para herdar o que seus pais lhes deixaram de melhor: o gene do voto.
Quanto a esquerda cabe a reflexão. Até quando a razão que deve orientar a sucessão ocupará a saída pela janela da juventude partidária de esquerda comprometida com as ideias progressistas?  Devem aguardar até completar que idade estes e estas meninas que tem ajudado a construir a política a resistência pela esquerda? Aguardar até que os netos dos seus contemporâneos etários cheguem a idade que seus antecessores estão hoje para poderem ser vistos e desta forma também alijar as gerações vindouras? Perguntar não ofende. Informar também que a idade coerente é a de Enoque que viveu 65 anos e foi o pai de Matusalém. Vocês, meus dirigentes, não viveram 969 anos, qual Matusalém. A saída é pela porta. Sigamos!


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1. Jocivaldo dos Anjos é Mestre em Gestão Pública.
2. Se discute se o Lulismo se trata de um novo modelo ou se é parte do modelo estabelecido já.
3. ( a palavra fidalgo é formada pelo processo de composição – aglutinação e significa ser filho de algo. Filho de alguém) filhos da nobreza e da aristocracia, política neste caso, pe formado por um
4. https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/sete-herdeiros-de-politicos-baianos-devem-ser-candidatos-em-2018/.
5. https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/confira-lista-dos-630-candidatos-a-deputado-estadual-na-bahia/.
6. https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/confira-a-lista-dos-490-candidatos-a-deputado-federal-na-bahia/.

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