Quando morre um jovem morre um bocado de gente

Não que eu -e ninguém ajuizado- ache que gente velha deva morrer. Porque a dor de quem perde a dor de quem perde. Dor é inadjetivavel e a perda é insubstituível. Mas, a perda da gente jovem é uma hecatombe nos peitos.
A economia esperava mais dele para ajudar no crescimento. A terra mais para ajudar na procriação e no preparo e cuidado. Os amigos esperava mais tempo de resenha. Até o cambista, o rifeiro esperava mais umas dezenas marcadas. (Falo de jovens que sabem o que sabem o que é rifa, especialmente).. A família... bem, dizer o que a família esperava é querer ocupar um espaço que nem o vento ocupa. Porque a família ainda espera que a qualquer momento ele entre pela porta da frente e acabe com este pesadelo. Mas, o pesadelo da vida real é cruel. Não passa.
Gente jovem (jovem de verdade) anda rindo à toa. Brinca com as dificuldades e vai superando as adversidades. São tantas para esta gente. Gente jovem tem em si o que o mundo precisa: a produção ajuntada ao uso como frisou Aristoteles. Gente jovem tem um futuro, que constrói a casa risada grande dada; cada mirar no horizonte; cada amor, cada Paixao; cada sonho. É difícil enterrar gente jovem. Já vi um coveiro chorar.  Porque a interrupção da história tão ainda no meio dela é algo ininteligível. A gente não compreende. As gentes não compreende. A gente repreende também. Se bem que repreender pouco adianta diante da realidade.
A pá de terra primeira, ou a última se trata de um momento jamais pensado. Ou quando se fecha a casinha eterna e se passa o cimento e o cadeado. Aquele corpo que fica leva consigo os tantos anos planejados pela vida para ser vida com a vida de tanta gente. Nem gosto de falar disso, de escrever sobre isso. Mas, isso precisa de ser falado: PRECISAMOS DE CUIDAR DOS NOSSOS JOVENS. São mais sensíveis do que se parece. Precisam de mais cuidados do que a gente percebe. Precisam de ser entendidos.
Os jovens de que falo não cabe na caixinha etária. Muito menos nos caixões que encerram-lhe a vida. Precisam de caber empossa sociedade e em nossos conteúdos de vida. Precisamos de ser do tamanho dos sonhos destes. Estes que, quando morrem, levam um pedaço de um bocado gentes. Tem gente que... eles levam a pessoa toda. Só fica um espectro de carne sobre uma ossada viva que perambula pelas ruas sem entender bem porque ainda vive. Não falarei sobre mães. Mas, elas, existem também.


Jocivaldo dos Anjos, 11 de julho de 2019. Ssa. .

Comentários

  1. Ótimo texto Jocivaldo, precisamos muito entender muita coisa ainda, e é urgente... Precisamos "ver" os nossos jovens...

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