O princípio beligerante da segurança pública brasileira
“Tropa de Elite osso duro de roer pega um pega geral, também vai pegar você ” assim, com este enredo, o filme Tropa de Elite fez sucesso nas telinhas brasileiras. O Tropa I e Tropa II trouxe à tona uma realidade vivida das favelas cariocas às salas do congresso nacional. Demonstrou que a oficina (não a do diabo, mas a de conserto de carro) expressa o que chamamos de milícias. Apontou que se 01 não aguenta tem de pedir pra sair. Pois, 02 e 03 estão na fila. Ainda explicitou que capitão Nascimento não é capitão América e que... tergiversa quando cansa. Mas, seu autor... ah! Seu autor este também se curvou ao ódio. Mas, ele não vem ao caso agora.
“ - Ele não fez nada. Era trabalhador, só estava passando aqui porque é o caminho da casa dele...” brada uma. “- meu filho era estudante. Era despredicativa o sujeito desencarnado.
“- Estava com a roupa da escola. Não sei porque fizeram isso, meu Deus!? Indaga outra.” A terceira, a quarta, a quinta... a de número 60.000 mil ao término do ano... todas não entendem muito bem.
Os que não estão no foco entendem e indagam: - era envolvido? - Deve ser que era. Ninguém morre à toa. Umas mais “cristãs fervorosas”. (Não cristã que segue o princípio de Cristo de amor pelo mundo) afirmam: - tem cara de bandido, jeito de bandido, mora no lugar de bandido. Ele é o quê?
Diante disso o presidente da república diz:- ninguém é santo no presídio. A sociedade responde:- 👏🏿👏🏿👏🏿👏🏿👏🏿👏🏿👏🏿. E a caravana segue. Do Arauá à Gávea. Só pedreiras.
O estereótipo é o passaporte para desencarnar nesta terra brasileira. Temos que usar do eufemismo para não falar de tantos enterros e somente uma justificativa: a justiça e a segurança pública. Aliás, estas palavras são tão próximas que se tornaram um único ministérios de um ministro justiceiro também. Mbembe chama de necropolitica e aponta quem tá aqui pra ser alvo das balas que financiam as campanhas. Se tem de usar as balas é preciso de que tenha local de moradia última dela. Mas, não para por aí.
Brown diz: “não olhe assim eu sou igual a você. Descanse seu gatilho”. E, nesta guerra, que Edson Gomes diz que: “vais matar a quem nunca viu. Vais matar a quem não te fez nada. Vais morrer por nada. Derramar seu sangue em favor de que?”. Todos têm perguntas. Eu também tenho. E sei também que vossas repostas não conseguem ser convincentes nem pra si próprios. Porque não há resposta para perguntas que deveriam não existir.
De um lado tomba os pretos que o Estado odeia. Historicamente. Do outro lado, o lado do Estado, tombam os pretos defendendo o Estado que este mesmo Estado odeia. Mas, usa estes para manter os privilégios e status quo. Quem ganha com tudo isso? Quem perde a gente já sabe. Mas, há saídas?
São famílias que se desataram e jamais se encontraram. São comunidades que não conseguem mais sentir e sentido de comunidade. São pessoas que já não se parecem pessoas... e são mães... aliás, deixemos as mães fora deste diálogo. Porque seja pelo lado que defende o Estado que odeia os defensores ou pelo lado que odeia o Estado, as mães... não entendem porque tem amor demais para entender tanto ódio.
Contradizendo minhas grandes referências nas lutas e nas literaturas, tenho de dizer: “eles combinaram de nos matar. E no, infelizmente, combinamos de morrer”.
É o que a vida real me diz.

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