O problema do Brasil não é só Bolsonaro

O maior problema do país é um presidente que não sabe governar. Óbvio. É um chefe de Estado que oscila entre um comunismo inexistente um ufanismo bravateiro e um fascismo ululante. Pois, função preciosa de um gestor é a busca pela construção e manutenção da paz. O que o presidente brasileiro odeia é a busca da paz. Mas, mesmo com tudo isso, temos muito mais problemas do que ele somente.
O Brasil, possui ainda, querendo os bons ou não, a ideia do jeitão e do jeitinho, que Chico de Oliveira fez texto. (Muito bom por sinal). Mas, tem muito mais também.
Cantores que somente sonorizam uma melodia inexistente para não falar palavras como Iemanjá e Candomblé, por conta de suas professadas religiões,
não é menos pior do que um presidente que homenageia torturador, um juiz da justiça (Moro) que diz que as mulheres sofrem mais violência porque revidam e cobram mais direito. Não são.
Posturas como as das cantoras Simone e Simaria e do cantos Xanddy, do Harmonia do Samba, a se negar a falar palavras do Candomblé, por serem evangélicos faz parte de uma formação preconceituosa e criminosa. Pensamento que coaduna com o do presidente que chacoteia sobre mortos e desdenha de dores alheias.
Mesmo sendo um assíduo frequentador dia shows de Harmonia e, para mim, ser a banda de pagode melhor do Brasil, eu não posso deixar meu sentimento pessoal de carinho por uma categoria musical se sobrepor uma questão social de tamanha envergadura.
- Xanddy, “adoro” você e suas músicas, mas, desculpas e dizer que você respeita as diversas matrizes não serve para consertar esta grotesca expressão de desrespeito para com a diversidade. Não se trata de um gosto entender a pluralidade da sociedade e conviver com ela. Se trata de uma obrigação.
Quanto às “coleguinhas” o mesmo sentimento que sinto um assemelhamento ao expressado pelo presidente da república eu sinto. Não podemos entender e aceitar ações deste tipo que envergonha o Estado-nação que temos. A laicidade religiosa no Brasil precisa de ser para além da fala e ocupar a semântica necessária em uma nação laica. Precisa de ser a ação de um quefazer diário.
Só se pode falar em indicar um ministro para a maior corte brasileira (STF) que seja terrivelmente evangélico se se entende que a religião é que deve pautar as decisões que deveria ser constitucional. E que, neste país, haverá uma matriz religiosa que vai orientar decisões jurídicas. A história já superou esta ideia de um “Deus” decidir sobre o que um povo deve sofrer por cometer delito. Deste tempo temos as guerras como lembranças. Que fique para as páginas do livro de história.
Tão assustador quanto as posturas dos cantores é a de seus pares que, por um barato corporativismo, mantém-se calados e que, talvez, até concorde com estas posturas ao cabo. Aliás, como não há muro para suportar a pusilanimidade envergonhadora de tal ação, estes também ocupam o lado do agressor. Se trata de uma agressão o que os cantores fizeram.
Por outro turno, - maioria dos fãs não repercutiram de forma necessária uma contundente crítica sobre estas posições. Quem cala, consente, já diziam os antigos.
A questão é simples: num país em que se estrutura por valores tão mesquinhos e vis e o que orienta não vem da luz que serve para todos e a negação da nação e do Estado Democrático de Direito o problema não está somente em um desafortunado mental presidente. Está sim, em um povo que, criaria outro presidente com este perfil para poderem esconder as unhas postiças nos bolsos para esconder já lavadas como quem diz: não tenho nada a ver com isso. Não tenho religião e nem procuração para falar em nome de nenhuma. (Nem preciso num Estado Democrático de Direito.)Mas, com tudo o que pode deixar o mundo menor e com menos amor, eu tenho a ver sim. Se não quiserem cantar por religião, seu Deus na de entender e perdoa-lós, mas, pelo menos, cantem pelos dinheiros que seus fãs lhes pagam e também para não piorar o que já não está bem. Ele há de lhes perdoar. Já a história... cabe a cada um construir a sua.

Jocivaldo dos Anjos, 08/08/2019

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