Pães existem?
Para valorizar socialmente o papel das mulheres que criam os filhos sem a ajuda do genitor foi-se criado este neologismo pães. Para significa pai e mãe. Parte da sociedade achou legal o nome no sentido de reconhecer a labuta de mais de 30 milhões de mulheres que chefiam lares no Brasil.
Ao perceber a armadilha do nome ajuntado com a responsabilidade dos homens que deveriam ser pais e não somente produtores, algumas mulheres com a contribuição de pesquisadoras e pesquisadores da área refutou a proposta de alteração linguística. Afirmam estas que ninguém toma o lugar de ninguém. Que a mulher continua sendo mãe e o genitor não chega a ser pai. Porque, caso usemos isso a partir da lógica do amor, silencia a linha racional e legal que cobra de quem produz o filho também o crie. O debate é profundo é necessário. Mas, por que se tratar sobre este tema?
No dia dos pais devemos falar dos pais ausentes e dos filhos e filhas que rogam nas escolas para que esta data não seja celebrada porque eles não têm o que celebrar. Muito pelo contrário. Têm um que de tristeza. Devemos chamar a atenção para estes órfãos de pais vivos que, às vezes, se regozijam com amigos ao dizer : “em casa tenho tantos e na rua eu já não sei”. Isso se assemelha ao período escravocrata no Brasil em que as pretas eram estupradas pelos senhores escravocratas e produziam filhos sem pais. Quiçá, desde lá, começou-se a constituir no imaginário social a ideia de Pães para designar o pai e a mãe.
É dia de reflexão. Que nós homens amemos para além do nome que isso aponta. Que apontemos para além de onde o falo vê é que nos responsabilizemos para além da qualificação que o termo encerra. Se fazer é bom, criar e cuidar é uma obrigação.
Fecho com quem renega a ideia de Pãe. “Cada um na sua e minguem ocupa o lugar de ninguém”. Pai é pai e mãe é mãe. A ausência de um não preenche o vazio que o outro tenta, desvairadamente, preencher. Desta forma, neste dia, gostaria de chamar meu pares homens para uma reflexão. Porque, hoje, não podemos celebrar as 30 milhões de “pães”. Mas, devemos nos responsavilizar por uma ausência que diminui o tamanho do amor do mundo e silencia a bênção do dia, o presente, por mais simples que seja, o cartãozinho da escola... a figura que deveria está representada na construção da caminhada. Ensinando a caminhar.
Que entendamos o que temos feito e saibamos os efeitos dos feitos bem ou mal feitos.
Sem esta de Pãe. Em casa que não tem pai só tem dia das mães.
Jocivaldo dos Anjos, 11/08/2019
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