O Fémina comandará o Parlamento Jovem Brasileiro até 2020

Fémina, a que “dá à luz”, brilhou em Brasília. Fémina é o nome do partido. Um partido ousado. Um não. O partido. Não cabem indeterminação para atos de coragem e reeducação social desta envergadura.
O Fémina se trata de um Partido criado durante o Programa Parlamento Jovem Brasileiro do ano de 2019. Foram criado seis. Capitaneado por jovens mulheres e com a participação corajosa de dois meninos. Interessante é que os meninos que entraram, já entraram sabendo da pauta que defenderiam: aumentar a participação feminina em pautas e poder no congresso e na vida. Pois é, o Fémina nasce de Estudantes do Ensino Medido Brasileiro, que estão fazendo parte do Programa no ano de 2019. São 78 jovens de todo o país dividido pela sua representação legislativa. Foram criados 6 partidos ao todo; o Fémina foi um deles. O menor. O Fémina era tão pequeno que sentaram num canto e a gente não conseguia nem ver as 10 meninas e os 2 meninos dialogando.
Apesar de uma boa oratória e justificativa, com dados duros e reais sobra a história e a participação feminina na política, a maioria dos jovens e adolescentes não se comoveram e... diga lá que não botaram muita fé. - Tipo: não se sustenta um partido feminista e discurso raivoso. Mas, o Fémina estava decidido. A maioria do plenário era formada por jovens homens. E... a maioria das mulheres preferiram embarcar nas pautas não feminista assim, né? O feminismo assusta. Assista jovens e adolescentes, inclusive. O que estrutura a sociedade assusta. Parece-me que as jovens acharam feminista demais a proposta. Logo, ficou pequeno o partido. Minúsculo. Mas, as meninas do Fémina tinham mais do que um partido. Possuíam uma pauta inegociável. Daí, mesmo pequenas em número, a grandeza da pauta foi abrindo espaços e fazendo aquele povo caminhar. Era um negócio meio surreal. Eu estava lá. Presenciei. Tive o prazer é a alegria de presenciar. Chorei até.
Após a criação dos Partidos houve as apresentações as pautas. Todos possuíam boas pautas, bons discursos e... a representante do Fémina, não tergiversou em continuar afirmando que representatividade deve ser mais do que o discurso.
O Fémina teve como representante a baiana Maria Antônia Deziderio, estudante do Colégio Militar Federal de Salvador.
Após a apresentação dos partidos veio a composição das chapas para a presidência e mesa diretora e o Fémina... o Fémina encabeçou a chapa: Brasil inclusivo. A representante do partido encabeçou a chapa. Conseguiram se ajuntar com dois outros partidos e com muito esforço chegaram 33 votos para a disputa. Dentre os 78 existentes. Eleição praticamente perdida. A chapa opositora também possuía duas mulheres. Logo, a chapa encabeçada pelo Fémina tinha duas mulheres na chapa de oposição também. Do ponto de vista de representação por sexo estava  praticamente o mesmo, mas, e a pauta? A pauta foi um divisor.
Mesmo jovens, mas, discursos como “nem a esquerda raivosa e nem a direita entreguista” formaram parte de um discurso conciliador entre as juventudes. Discurso que cria uma cortina de fumaça e acizenta as pautas específicas. Cabe um todo para não caber o nada.
A última contagem antes das eleições a Chapa Brasil Inclusivo, encabeçado pelo Fémina não saiu dos 33 votos. Já celebravam o caminho é as frases do tipo: “o importante é competir”. Mas, compendiaria Criolo: “se a vida é um jogo, então, vamos ganhar”.
Após os 5 minutos de fala de cada chapa veio o resultado da contagem dos votos. Os escrutinaria anunciaram: chapa 1: 39 votos e a chapa 2: 39 votos também. Empate. Teríamos duas presidentAs? - não. Pelo critério de idade a chapa do Fémina... ganhou as eleições e presidirá a Parlamento Jovem Brasileiro até o ano de 2020.
Não foi uma vitória qualquer. Foi a vitória das pautas que Aqualtune, avó de Zumbi travou antanho e estas meninas trazem no sangue. Foi a vitória que hoje tem em Marielle e tantas outras mulheres a sua para representada. Foi a vitória de quem tem coragem e fez o plenário tremer de aplausos e gritos de “Me representa “. Não estou falando de um congresso de feministas. Estamos tratando de um local de pluralidade de pensamentos e ideias e que esta não é a prioridade da agenda, necessariamente.
Maria Antônia Dezidério é nordestina, baiana, preta, jovem, feminista e corajosa. Representará 78 deputados jovens de todo o Brasil até o ano de 2020. Sigamos!

Jocivaldo dos Anjos, 26 de setembro de 2019.

Câmara dos Deputados -DF

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