A PEDAGOGIA DO ABRAÇO COMO EXPOSIÇÃO DO AFETO


Aprendemos que amar é tocar. E... a gente quando ama ou acha que ama alguém queremos logo tocá-los e tocá-las. Este tocar vai desde apertar as bochechas gordas das crianças até o beijo de língua enamorados e, segurar nos mais velhos para ajudar a sustentar o corpo. Isso passa pelas celebrações todas possíveis e inimagináveis. A gente se toca para celebrar. E agora?
Agora são bençãos sem pegar nas mãos, é afagos sem aproximações, são beijos sem língua, (nem beijos, diga-se de passagem) e celebrações ao longe. Como celebrar o amor criado sem a quentura do abraço? Precisamos de aprender.
Começar a aprender que somente desta forma a gente pode expelir amor. Pois, de outra forma não é expressar amor, é incompreensão da situação vivida.
Os mais velhos sofrem mais. Sofrem porque ao longo da vida não aprenderam amar de outras maneiras que não o contato físico. As gerações mais novas, em especial os nativos digitais, já usavam as redes para estabelecer diálogos e até namorar. Fazer sexo, inclusive. Os mais velhos, não. E, para piorar os mais velhos são os grupos de risco e... muitos acabam por nos cortar o coração ao dizer: “já vivi o suficiente... já estou pronto e Deus pode me chamar”. Temos difíceis.
É preciso o alcance da exposição do afeto com uma distância de segurança. É necessário explicar para os mais velhos sobre esta distância e constituir com eles formas de expressão de carinho que caiba nós e eles dentro deste carinho e sua expressão. Precisamos de reinventar as formas de expressão sem reinventar o amor. O amor é reiventável. O que podemos é atualizar nestes tempos a forma de expressão. Aprender a cuidar a distância. De perto, mas de longe. Isso, sem filosofia.
Não abraçar não é desabraçar. É abraçar de outra forma. É expressar pelos olhos, pelos gestos e... principalmente com os idoso, é não expressar pelos olhos lacrimejados. O Corona mata. Mas, a ausência do afeto e do carinho mata o que faz de a vida ser vida.
Entendamos que nós temos sido negligentes com os mais velhos. Ao falarmos de mundo digital somente falamos de jovem. Porque isso é o atributo do mundo da produtividade. Nos esquecendo que há mais gentes neste “mundo digital”. Estas gentes agora precisariam (e ainda precisam) de usar a câmara do smartphone para ver a família. Para dialogar e para não se sentir um peso. E... não ver que seus pares etários em outras partes do mundo foi descartado da vida como se descarta... quem não serve para produzir.
É que no mundo da produção a pedagógica do abraço revela pouco afeto. O problema está na produção. não está no afeto em si. Com pedagogias de mais afetos e menos produção, sigamos!

Jocivaldo dos Anjos
24/03/2020

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