É mulher é preta ou se é preta e mulher?

Oposição descabida. Diriam as que me orientam, talvez. Descabida porque a intersecção é necessária e ainda, pelo menos, com mais um pé presente, para formar o tri, o pé social. No entanto, para a análise que me arvorarei, audaciosamente, a fazer, somente necessito destes dois pés para realizar a reflexão. Sobre o que substantiva e adjetiva o quê.
Mulheres negras e empobrecidas tem ocupado o não lugar na sociedade. Isso não é novidade para ninguém. O que ainda assusta são as parcas políticas reparadoras desta hecatombe.
Entretanto, temos ainda fortemente dificuldades, entre todxs na sociedade, em compreender porque algumas pautas avançam mais e outras menos. Ouso a dizer que se a pauta de mulheres (descolada da racialidade ) e a pauta LGB também avança (desolada também da pauta racial enquanto central) é porque o fio que as puxam não tem a racialidade como fator estruturante. Diante disso, as pretas fazem parte das ascensão das mulheres, mas, não a centralidade, bem como os LGB também fazem parte do avanço ao uso do direito ao corpo e alguns outros conquistados. Mas, não pela centralidade racial.
 (Não uso o termo T e sim LGB, porque o avanço do T ainda é bem pequeno no campo analítico e de vida).
Compreendendo a raça como estrutural, mister é o entendimento sobre o que vem primeiro em minha proposta original de diálogo. O sexo ou a cor.
Falando de um lugar analítico e de observador da sociedade reorientado por quem me dirige, observo que a raça estrutura mais. (Em se levando em obra as oposições) pois, nenhuma outra raça foi animalização como a raça negra.
Inegável é também que muitos homens e o movimento negro em si se aproveitou deste mesmo argumento o para não possibilitar avanços em espaço político das mulheres negras em seu seio. E, diante disso, de forma, grandona e sem medo, elas criaram o Movimwnto de Mulheres Negras. Maior referência da última década, a meu ver. Lembra se é importante de que este movimento e luta das mulheres negras não são desta quadra recente.
Enquanto a orientação do feminismo branco e de certa “oposição aos homens negros”, a coragem das mulheres negras e capacidade intelectual e sapiente se destaca por conseguir elaborar uma gramática de diálogo entre Campos que se opõem do ponto de vista das mulheres negras, mas, se ajuntam para o uso da mulher negra enquanto “troféu de defesa”. Grandeza!
Fiz esta oposição inicial para avaliar o que muita gente ainda precisa de compreender. Quando se fala das pesquisadoras que sequenciou o gen do Corona fala das mulheres. Não das mulheres negras. Quando se fala das ganhadeiras de Itapuã também cita as lutas das mulheres. Não das mulheres negras. É que falar que são negras assustam o local que elas ocupam ainda não sociedade brasileira quando se intersecciona. Envergonha o local que elas ocupam. Logo, amplia-se o escopo para mulheres e... exclui-se a cor.
Isso provoca também em muitas mulheres negras  uma confusão em saber se o que mais a atinge é o sexo ou a cor. Pois, são atingidas pelos dois campos de batalha. As que tem o “colorismo menor” confundem ainda mais esta idiossincrasia. Pois, se tem menor colorismo, pode em algum momento ser “confundida” com branca ou parda e somente sofrer um dos pés estruturador da sociedade .
As que me orientam ensinam sobre a interseccionalidade necessária para as análises. Pois, sem eles é mambembe a análise. Mas, as pessoas que ainda não compreendem da importância... gente preta se saber preta e da história e trajetória já é um passo importante.  E nos homens pretos também
Compreendermos-no homens. Que também recepcionamos parte do sofrimento, dor luta, labuta e coragem das mulheres negras não nos é importante. É necessário. Imprescindível. Sigamos!

Jocivaldo dos Anjos
06/03/2020

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