Prevaleceu o bom senso: princípios da necropolitica
Há corpos que podem deixar de existir na terrra. Estes corpos serão substituídos por outros corpos também descartáveis. Alimentarão os vermes com seus cérebros e adubará a dor na história de seu povo. Estes são os corpos negros.
241 mortos no Estado do Ceará em 13 dias. Isso, após um “motim” da PM, ou greve parcial... como desejar nomear o evento. E, está fala acima sobre o bom senso foi proferida pelo Ministro da Justiça e Segurança, Sérgio Moro. A pergunta é: - o que significa o bom senso? Qual o seu valor semântico na gramática da segurança pública nacional? Pois, entendê-lo nos orienta a entender o princípio do senso. Antes de ser bom.
“Saber soberano é exercer controle sobre a mortalidade e definir a vida como a implementação e manifestação do poder”. Assim, em seu livro Necropolitica, que na capa traz a cor vermelha em marcas de sangue, Achille Mbembe expõe os que estão no mundo em padecer. Pagar com a vida as crises sociais. Pois bem. Quando o ministro diz que prevaleceu o bom senso se trata do censo que tem por vontade contar menos pretos e empobrecidos sobre esta terra. Porque para a categoria cobrar melhorias ela precisa de espalhar o caos. Espalhar o caos é matando gentes para comprovar a necessidade da existência da força ostensiva nas ruas. Mas, o debate é: quem tem a vida ceifada para o “prevalecimento do bom senso”?. São os mesmos de sempre. “Opressão e pobreza severas foram testadas nas raças e classes subalternizadas”. Ainda continuam. É o modelo de mostrar que a sociedade não vai bem. Se precisar de expor a necessidade sob qualquer aspecto, mata-se alguns pretos empobrecidos, periféricos e ... com “envolvimento” e tá tudo certo. Cria-se a cortina de fumaça do do caos instalado sem a presença da polícia nas ruas e assim... “o bom senso prevalece”. Se tem polícia nas ruas o bom senso também prevalece no controle dos corpos. Se não tem, o bom senso também prevalece pela descartes dos corpos. Os corpos pretos são a métrica do senso. Quanto menos no censo melhor. Mas, sempre precisa de algum tanto deles sobre a terra para justificar a existência do senso. Tá puxado.
Jocivaldo dos Anjos
05/03/2020
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