UM TIRO PARA PEGAR EM MIM MESMO: O QUE SIGIFINCA ENTA ENXURRADA DE LIVES?


Como Narciso em frente ao espelho as lives se espalham no Brasil em tempos de quarentena por conta do Covid19. Todo mundo faz, todo mundo pede e todo dia tem. Aliás, toda hora e todos os minutos têm. São lives de reuniões, de aulas, de bate papo.... Há lives até para não se falar nada. De analfabeto a pós doutor tem gente fazendo lives. Mas, meu coração indagador pergunta: para que estas lives todas, meu Deus? Né Drummond!?
Tenho acompanhado diversas lives e tenho visto elas se definharem. Uma novidade que se envelhecem antes da juventude.  Lives de conteúdos então. As lives que tem tido muita gente são as lives de cantores, regrada a bebidas e com forte apelo de quem apoia. Mas, mesmo as de cantores eu tenho sentido uma parca participação das pessoas. As lives parecem ser feitas para contemplar o ego do feitor. Uma espécie de narcisismo que as tecnologias digitais possibilitam e se amplia com o advento da pandemia.
Lives esvaziadas tem sido a tônica. E vejam que estou acompanhando as que posso para verificar a participação das pessoas. Tenho acompanhado para saber se a minha teve um número interessante de pessoas. Participei de duas neste ano já. Achei pouca a adesão, mas, vendo as outras. Já estou quase me sentindo astro. Ou será que os astros estão se sentido um eu?
A vontade de ser visto é o que alimenta o ego das pessoas. Antes de Narciso a gente já se apaixonava por a gente mesmo. Agora, a gente pode também solicitar que gente que nem nos conhece, se apaixonar. A questão é que pouca gente tem condições de se apaixonar porque muito pouca gente está vendo a gente.
Não estou negando a importância das tentativas das lives. Jamais. Inclusive temos feito, profissionalmente, uso desta ferramenta para ampliar a chegada aos estudantes os quais eu trabalho. Mas, sempre avaliando criticamente a capacidade em escala dela. Porque a live não pode ser um encontro do meu eu com o meu ego. Precisa de encontrar outros eus e outros egos para poder se fazer sujeitos.
Tem sido a live aqueles tiros que a gente dá em si mesmo. Pouca adesão, por diversos motivos, dentre eles a baixa qualidade de TI no Brasil, temas desinteressantes, gente pouco interessada e como se fosse a mimetização da vida real.
Aff! Este tempo passa já. DerMiLivi de tanta live!

Jocivaldo dos Anjos
04/05/20 20.

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