Ser professor universitário é o que?

A negação da profissão de professor. Parece áspero afirmar que a utilização da palavra universitário com a função adjetiva desqualifica a profissão de professor. Mas, não é.
Universitário não é nada. Caso não tenha um substantivo antes para determinar o sujeito. Se eu digo :”fulano é universitário”. O senso comum logo lega para aluno. O estudante da universidade. Mas, o sujeito pode ser um técnico universitário, pode ser um servidor outro, pode ser até um prefeito do campus. Logo, universitário somente existe com o sujeito substantivo ou substantivivado. Mas, professor não precisa de ser universitário para ser professor. Não mesmo. Professor é professor, porra!
O uso da palavra universitário por parte de alguns professores parece ter mais valor do que a própria profissão de professor. Em nenhuma outra área de atuação do magistério aparece a atuação com ênfase tão forte como aparece o universitário para qualificar e dar brilho ao professor que está no ensino superior. De fato, parece exalar a superioridade a palavra universitário e qualificar o sujeito falante e elevar a sua docência para além da profissão professor. Tenho reservas e limites aos sujeitos que me dizem: “sou professor universitário”. Eu tenho. Porque professor é professor. Em qualquer circunstância. Ser universitário é apenas uma das possibilidades que o docente tem de exercer a sua profissão de professor e não a qualificadora do seu quefazer. Quem precisa de ser universitário para dizer ser professor, de fato, atua na negação dos que nem como colegas querem ser. Universitário não é qualificador de professor. Parece existir muito mais na negação dos coleguinhas que são professores em outras instâncias.
Antes poderiam justificar que é porque possuem pós-graduação. Conheço amigas que são doutoras e estão no ensino infantil. Alguns vão dizer que é porque atua com pesquisa. A universidade é o local positivado da pesquisa stricto sensu, mas não é o único local e nem por isso se justifica também, usar a palavra universitário para qualificar a profissão que, me parece desprezada por quem usa deste subterfúgio, é feio, no mínimo.
Há um debate nacional que gira em torno só sistema nacional de educação e de valorização do professor. Nisso não parece existir o professor universitário. Não se trata de uma crítica pura e simples aos grandes professores que são das universidades, mas também são dos sindicatos de trabalhadores rurais. São das universidades, mas também são de ensino médio ou fundamental. São das universidades, mas, ele é que é da universidade e não a universidade dele. Ele é que qualifica a universidade com sua prática qualificada docente e não a universidade o qualifica por emprestar seu nome á profissão. Estes sim. São professores e professoras que contribuíram para eu e muita gente se libertar. Profossor que não consegue ajudar para a libertação do sujeito discente não serve em canto nenhum. Em canto nenhum merece ser qualificado como tal. Ser professor é algo nobre.
Será que falta coragem para a assunção do cargo de professor e somente topa ser se houver o qualificador universitário?
Ser professor não é qualquer coisa e para qualquer um. É para quem tem coragem. É para quem decide que será e é. Quem é professor de verdade e não somente professor universitário ensina em qualquer turma, série e grau para os quais estudou para ser. Mas, além disso ele e ela não se renega a profissão para entrar na redoma e somente existir ali. Não respeito quem somente é professor universitário. Todo meu zelo carinho e respeito para quem é professor dentro dos muros da academia e para além deles, especialmente. É por eles e elas que eu existo também. São destes abdicados que o Brasil precisa. Quem qualifica a profissão e não de quem se esconde dela. Sigamos!

Jocivaldo dos Anjos
07/08/2020

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Servidor público não tem de ter empatia

Gel é a grande vencedora das eleições 2020 em Antônio Cardoso