PPP - A ALITERAÇÃO DE MORTES SILENCIOSAS ENTRE A JUVENTUDE ESTUDANTIL DA BAHIA

 



PPP – A ALITERAÇÃO DE MORTES SILENCIOSAS ENTRE A JUVENTUDE ESTUDANTIL DA BAHIA – O SUICIDIO PARA ALÉM DE SETEMBRO


Todas as pessoas que trabalham na área educacional sabem (ou deveriam saber) o que significa a sigla PPP. PPP é o nosso velho e bom Projeto Político Pedagógico. Algo que em todas as unidades escolares existem. Podem até ficar na gaveta da direção ou da coordenação pedagógica. Mas, existem. 

Aliteração pode não ser uma palavra familiar para quem não é do campo da educação ou da linguística. Mas, se trata de uma figura de linguagem que consiste na repetição de sons de consoantes iguais ou semelhantes.  Desta forma, como eu gosto de brincar com as palavras e letras, me utilizo das iniciais do Projeto Político Pedagógico e de uma sonora que ela produz que não tem nada a ver com brincadeira e que tem eliminado do Brasil 30.873 jovens , com idade entre 15 e 29 anos no ano de 2018. O som PPP é o que levou deste tanto de jovens para debaixo da terra. (Outro dia um doutor da universidade me disse que eu não deveria usar este tipo de palavra que gozam de pouco espaço acadêmico para me comunicar, mas, de palavras aceitas nos espaços acadêmicos. Topei não.)

PPP é o som que saem das armas, deixam os sangues nos chãos e atormentam pessoas, em especial jovens, negros, periféricos e empobrecidos deste país. Mas, ao sair o PPP das armas não somente matam os que as balas levam, mas, provoca também consequências nas pessoas destes lugares, que as mortes continuam a fazer moradia (real e simbólica) nestes espaços. Dentre estes está o suicídio. Mas, o PPP também pode matar. Nós, que somos da educação, sabemos que pode sim. Se ele, o PPP, não for libertador ele é, por consequência, escravizador. Não há neutralidade na vida e nem na educação. Alias, a escola, bem como as prisões, são retratos de uma sociedade que, por vezes, se nega a olhar-se no espelho. 


O QUE DIZ O SUICIDIO PARA A EDUCAÇÃO BAIANA? 


A Organização Mundial de Saúde – OMS orienta que sejam calculados índices de suicídio para município com população superior a 100 mil habitantes. (Dialogo muito com o texto. Como podem ver. Sempre tive dificuldades com alguns indicadores construídos e utilizados para avaliação e promoção de políticas públicas.  Este é uma das orientações que eu discordo. Usar este instrumento é mais uma forma de negar, silenciar e invisibilizar os municípios pequenos e seus habitantes. Para além disso tira destes habitantes e área geográfica as condição de sujeitos e de lugares, respectivamente. Portanto, precisamos de avançar com este indicador e incluir todos os municípios.

Vejamos, o Estado da Bahia possui 417 municípios. Destes, somente 17 possuem mais de 100 mil habitantes. Logo, menos de 5% dos municipios baianos e a criação de um impacto que gera cada vez mais o fosso entre as políticas públicas direcionadas para as grandes cidades e para os pequenos municípios. A negação da aparição também nega a possibilidade de políticas públicas para o segmento esquecido. O que explicito acima aparece nos números. Pois, na Bahia, somente 4 municípios possuem leitos psiquiátricos para quem comete tentativa de suicídio: Salvador, Feira de Santana, Vitória da Conquista e Jequié. Já que é inviável, e ninguém deseja que se faça um em cada município. Mas, que esta contagem para a feitura de equipamentos públicos com esta finalidade seja construídas a partir de territórios de identidade e se contemple todo o Estado. A partir da perspectiva da garantia da vida para todos, que são sujeitos de direitos. Pois, dos primeiros ter municipios da Bahia com maiores índices de suicídio somente 1 possui mais de 100 mil habitantes, que é o município de Vitória da Conquista. Os demais são Paulo Afonso em primeiro e Jequié em segundo lugar. Logo, se confirma o que falamos sobre o indicador utilizado. 

Em salvador, capital do Estado, a média foi de 1 obito por suicido a cada 100 mil habitantes. Em Vitória da Conquista são 5,4, Jequié 6,2 e, no topo, ostentando a triste marca, está a cidade de Paulo Afonso com 12 suicidios para cada 100 mil habitantes no ano de 2019. Nos últimos 10 anos cresceu 59% no interior do Estado da Bahia os casos de suicídio. Dos 16 municipios baianos com as maiores taxas de suicídio 14 possuem menos de 100 mil habitantes. E das 5.110 mortes , 4.446 estão localizadas no interior do Estado da Bahia. 

 Lembrando sempre que os dados oficiais tendem a ser menorizados por conta da subnotificação.


O MACHISMO QUE MATA E SE MATA


Quando as mulheres defendem o feminismo e o fim do patriarcalismo e do machismo elas não falam somente delas. Elas falam de toda uma sociedade. Alias, no livro “O feminismo é pra todo mundo”, com maestria impar, a escritora estadunidense bell hooks trata deste tema e orienta um grande quefazer necessário para toda a sociedade. 

Para ilustrar o que estamos falando seguem os dados. Entre os anos de 2000 e 2010 foram mortos “pelas próprias mãos” na Bahia, o quantitativo de 5.109 pessoas. Destas 927 eram do sexo feminino e 4.182 eram do sexo masculino. Por que os homens se matam mais? 

Em entrevista realizada pelo jornal correio se confirmou que muitos homens não aceitam apresentar pusilanimidades sociais. A fraqueza é algo inaceitável, especialmente nos municípios menores e na zona rural e a forma de resolver este conflito tem sido muito o suicídio. Sem se falar sobre as orientações sexuais não assumidas que, na roça, é um grande símbolo de fraqueza pessoal. 


A JUVENTUDE E A SOCIEDADE QUE A NEGA


Jovem e medo no Brasil são sinônimos. Além disso, outras questões vigiam a vida da juventude. O medo leva o jovem a ser morto pelas balas. O que já informei acima. Mas, o medo também, inclusive da má interpretação, levam jovens a se suicidaram muito na Bahia. 

O município de Paulo Afonso, campeã em suicídios na Bahia, teve no ano de 2018 55 mortes. Destas, mais da metade, 28, foram de pessoas com idade entre 15 e 29 anos. O que quer dizer que se trata de mais uma tragédia que assola a juventude. Aias, no Brasil, mortes por suicídio somente perde para homicídios e acidentes de trânsito. Estas outras duas conhecidas como causas externas. 



UMA BAHIA SILENCIADA E POUCO VISTA



Foram 5.110 mortes que ocorreram por suicídios na Bahia nos últimos 10 anos. Nos últimos dois anos se contabiliza em 2019 629 mortes e em 2020 já são 369 contabilizadas. Ainda não se sabe o impacto que a pandemia do coronavírus terá sobre este segmento de mortes.  

Necessário se faz que entendamos que o suicídio não se trata somente de uma provocação interna das pessoas que as cometem. No estudo realizado pelo jornal Correio também se percebe o cruzamento do suicídio com causas sociais. Questões ligadas a sexualidade, cor da pele, local de moradia, inserção no mercado de trabalho tem impacto direto também neste desfecho. 


O QUE PODE SER FEITO?


1. Acompanhamento psicológico a estudantes;

2. Universalizar o atendimento por Territorio de identidade

3. Parceria entre a educação e saúde, prioritariamente, mas, atuar em todas as possibilidades;

4. Formação sobre juventude e metodologia de trabalho com para professores, diretores e todo o corpo que compõe as escolas;




1. https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/futuros-apagados-mortes-por-autolesao-cresceram-59-no-interior-baiano-em-10-anos/

2. https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/download/24/atlas-da-violencia-2020

3.

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