Perder é um verbo intransitivo

 

Perder é um verbo intransitivo 

Quem perde, perde. Ponto. Romantizar a derrota serve para algumas coisas: apaziguar e acalentar o perdedor e assim criar nele a sensação de que perder não é assim tão ruim, pois, ao perder também ganhou e aflorar nele a pusilanimidade de que o que vale é concorrer, é competir e a derrota faz parte como possibilidade da disputa. Correto.

O problema se centra quando a derrota vem eivada de explicações que tenta subornar a mente de quem precisa de saber que perdeu para se aprumar e se projetar para ganhar. Tirar o foco da análise real e mirar num imaginário mundo é, no mínimo, um retorno ao mito da caverna de Platão. Se enclausurar e se ensimesmar num mundo fora do mundo real. Saber que perdeu e analisar o seu porquê não é somente importante. É imprescindível. É necessário da humanidade para se fazer ser sapiens. 

Quando as derrotas não vêm acompanhadas de análises cruas e cruéis da realidade vivida e vivenciada ela não potencializa o perdedor ao caminho de superar a derrota e aprender a ganhar a partir delas. Quando ela é enfeitada ajuda o perdedor a ser somente um bom perdedor. Quando ela não faz parte do plano da próxima disputa para ganhar ela não ensina. Não potencializa o sujeito à ser potência, como diria Nietzsche. Pelo contrário, embrutece o perdedor a seguir com a mesma orientação estratégia e ações táticas que o levará a mais derrotas. As derrotas ensinam. E ensinam muito. Quem perde precisa de aprender que perdeu. Aprender por que perdeu. Aprender onde perdeu. Aprender com quem perdeu. Aprender por quem perdeu e, acima disso, aprender quanto (em todos os aspectos) custou-lhe esta derrota para assim, aprender com ela. 

Levantar cedo da ressaca sem tempo para choro, avaliar com coragem e mirar no futuro a partir dela. Pois, derrotas ensinam a quem tem coragem de aprender com elas. Sigamos! 

Jocivaldo dos Anjos

30/11/2020