2020 adeus?



 

2020 adeus? 


É, casca dura, bruto é tu. Não é ninguém não. Calou meio mundo, levou uma parte. Educou os dispostos e expôs o que é o papel do capitalismo: aumentar as desigualdades. A pandemia te presenteou de forma vil, 2020. 

Tu que com dois números somente formou dois milênios e duas décadas. Bem sintético. Bem na sua. Tu que protagonizaria até olimpíada. Que nada. Não sei se podemos dizer que tu tirou algo de alguém ou te foi te tirado o brilho de um ano decimal. 

Ah, vintão, vou te tirar teu brilho e te impor responsabilidades não. Tu ensinou a gente demais. (Me ensinou, inclusive, adentrando mais aos ensinamentos de hooks que eu posso - e todo mundo também - ajuntar pronome de segunda pessoa com verbo na terceira. Porque transgredir a gramática também liberta). 

Temos uma legião de pessoas mais fortes. Um outro tanto destroçadas. Mas, todas cheias de aprendizados. 

Professores que não queriam conta com celulares aprenderam a fazer lives. Sim. Tronxa, deferente, mas, fez. Vintão trouxe morte de preto que levou uma mulher negra a ser a primeira vice-presidentA da maior potência do mundo. (Pelo menos até 2028). 

Vintão tá indo. Mas, não tá indo de fato. Tá deixando tudo ainda pra quem quiser usar e ver. E quem não quiser ver e usar. Neste caso, a ordem dos tratores não alteram o viaduto. 

Amanhã é 21 (eu não sei de nada, 21). Nem eu, nem Mocolo e nem ninguém. Mas, amanhã é um pouco mais de depois as máscaras seguirão. Seguirão o álcool 70 e os afastamentos. Mas, também deverá continuar o amor no coração de quem tem. E eu, continuarei de esquerda. E, caso o PT faça a autocrítica que a direita quer, eu mudo de partido. Antes de ser PT eu sou de esquerda. Por isso sou da esquerda do partido. Com todo o orgulho do mundo. Alguém já viu orgulhoso rico? Não. E nem bem posicionado. Mas, o que não significa que não é feliz. Só não é porque quem é de esquerda é um corpo coletivo. Quem se diz de esquerda e não se sente assim só tem a capa. Nada além disso. 

É vintão... foi casa, sonho, estudo, ansiedades, trabalho, cuidados e amor. Muito amor. Tenho o que reclamar não. 

Foram dores que ainda doem. Dores que não se veem e não se verá mais. Mais e jamais. Mas, podemos massificarem as lembranças, vintão. 

Só um coisa a mais para o 01. A ausência de nomear gente por números. A despessoalização dos seres. Porque gente é gente. Quer explicação, não são as nuvens de Antônio Brasileiro, mas... eu gosto de gente. Eu gosto de gente boa. Gente ruim eu não quero conta. Pode levar pra “onde não canta nem galo, nem galinha e nem o Fi do bento homem”. Como diria minha avó. 

Veinteuno (para gastar meu espanhol aqui também.) gastar em homenagem a Argentina de Maradona que até igreja tem, que vai taxar grandes fortunas e que permite vida para as mulheres ao permitir serem donas do próprio corpo. Porque descriminalizar o aborto não é autorização para a morte de fetos. É permitir reestruturar a sociedade com a proteção do Estado. Uma parte do Walfare State. 

Eu não reclamo não, vintão. Seu Arlindo partiu com quase 100. Todo dia que me via perguntava: “cadê meu cumpadi Júlio, tá bom? E minha cumadi Maria? Bota um copim pra mim aí. Só um. Oí, meu fi. Quem sofre é quem tem tempo...”. Seu Arlindo é um grande professor. - Nao matemos os professores. Professores que são educadores, qual seu Arlindo, são imortais. 

Venha twenty one. Com vacina, pelo menos. Luta é normal. A gente já tá acostumado. E outra: se eu tiver competência para ter a disciplina exigida eu viro macumbeiro. Sigamos✊🏿


Jocivaldo dos Anjos

31/12/2020


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