Eu teria medo de ser mulher

 



Mulheres, desculpas, mas preciso de falar 


Título grande para um texto que espero ser pequeno. Recolham-se à reflexão estratégica, companheiras. Está difícil. Está muito difícil. Está nublado e chove todos os dias. Chove sangue. 

Me parece um copycat. É duro dizer. Mas, parece ser. Nas crises de suicídios dos tempos de Goethe e o Sofrimentos do Jovem Werther no sec XIX e quando da morte de Marlyn Morroe houve algo próximo noutra dimensão. Eu não vivi este tempo. Teorizo pouco sobre. Mas, vivo os de hoje.

Parece haver uma repetição. Uma mimetização entre os casos de feminicídios. Parece que há um aumento de masculinidade em matá-las. Parece que eles (nos homens no caso) acham-se seres superiores com esta prática neste momento. Parece e foi. E quanto mais se fala mais se mata. 

Pior. Temos no Brasil um momento propício. Um presidente desrespeitador do que vocês lutaram deveras para conquistar. Não está fácil. 

Irmãs, não é momento de baixar as armas. Jamais será. Mas, é de reflexão. 

Acompanho diariamente as notícias e me assusta. Eu teria medo de ser mulher nestes tempos. Aliás, este poderia ser o título deste texto também. Mas, preferi o de cima. Se para mim é duro e sofro e choro. Imaginemos para vocês. As que sofrem em abusos. As que sentem em desamor. As que sentem em não ser. Nossinhora! Tá na moda matar mulheres. 

Não conseguem ser vocês. Não conseguem ser o que são. Não conseguem expressarem-se. Isso é desumano. 

Mais uma vez: não é para ninguém baixar a guarda. Homens que entendem o que está ocorrendo precisa de se posicionar. Não somente escrevendo, como faço aqui. Mas, quem me conhece sabe. No baba, nas reuniões... em todos os cantos. O machismo não se trata de uma teoria de estudo. É uma prática perversa. E não faço a luta da defesa por ter mãe, filha etc. faço pela compreensão da vida. Pessoalizar o machismo e perguntar se o homem que Mara não tem mãe não se trata de uma atitude política. Mas, pessoalizada. Não podemos cair neste erro. 

É estranho. Mas, parece ser uma onde mimetica. De repetições para a comprovação do ser macho. Cuidem-se. Se ver que vai, deita. Se ver que apanha, bata. Se ver que morte, mate. Não tenho outra verdade a dizer. Não que eu deseje isso. Jamais. Mas, a pedagogia da luta deve ser de acordo com a conjuntura apresentada. 

Não se trata de lei. Se trata de cultura. Da cultura de dominação de corpos. Passaremos. Seguiremos! Teremos a possibilidade de vocês serem ser. 

Sigamos!


Jocivaldo dos Anjos

29/12/2020


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