Renomear as escolas é democratizar a Bahia




Renomear as Escolas é emancipar a Bahia


Nomear obras públicas como forma de eternizar seus nomes não é algo novo na história. Na antiguidade, Adriano, imperador romano já usava deste artifício para perpetuar seu nome a partir das obras construídas que deveria ter caráter públicos. O tempo de Hadreanum, (Adriano em latim) 138 DC se trata de um destes exemplos. 

Pelo Brasil se percebe nos municípios os nomes de equipamentos públicos nomeados com o sentido de perpetuar nomes de famílias e apagar outros. Perpetuando assim as dinastias familiares. Nas cidades brasileiras se percebe que o que deveria ter um caráter público de valorizar a história local tem sido utilizada para eternizar nomes, que muitos, deveriam ser esquecidos. Prova disso são os espaços que prestam homenagens aos ditadores. Por exemplo. 

Atitudes assim provam o caráter patrimonialista e uma agressão ao artigo 37 da Constituição Federal, que prevê a impessoalidade na gestão pública. Nos lugares que ainda caminham para uma emancipação político-administrativa se percebe muito isso ocorrer. Seja nas cidades pequenas ou em grandes cidades algumas pessoas que gerem o Estado ainda não entenderam que o que é público é de todo mundo e não pertence ao gestor atual. A res - pública significa coisa do povo e não coisa do seu gestor. Este somente é eleito para administrar o que deve ser de todos. 

No Estado da Bahia salta aos olhos, quando se analisa os nomes dos equipamentos públicos, a forma com que o Estado sempre foi tratado. Tratado como se tivesse dono. Se o Estado construía uma unidade escolar teria de levar o nome do pseudo-dono. Se abria uma avenida, uma praça ou rua, uma unidade de saúde ou algo do gênero teria de prestar homenagem à certa família. Até quando se tentou construir unidade escolares de referência a referência não foi a educação em si, mas, a homenagem aos seu nomeador. 

A ideia de ser dono dos espaços públicos foi a tal ponto, algo parecido com um mundo não emancipado ainda, de mudar o nome do aeroporto da capital do Estado. O aeroporto tinha o nome de 02 de julho e homenageava todo o povo baiano. Teve o seu nome modificado demonstrando que certa família era mais importante do que todo o povo do Estado. 

Em todos os municípios que se vaguear pela Bahia será observado o desrespeito com a história do povo baiano e um tratamento dinástico para com o Estado. Tantos homens e mulheres que fizeram a história deste Estado são desrespeitados e passam longe do sentimento republicano de um Estado liberal em seu livre conceito. 

Recentemente, numa atitude de grandeza e coragem, algumas unidades escolares estão reagindo a ter em suas fachadas nomes de pessoas que não tem um histórico representativo para aquela comunidade. Tal ação é desenvolvida a partir de uma reunião do colegiado escolar e a tomada de decisão forma parte de um entendimento coletivo e comunitário do que deve ser o espaço educacional em seu conceito. Somente estas pequena e normais atitudes, mas, de uma grandeza política estupenda tem sido motivo de gritarias e de crítica pelos herdeiros da dinastia baiana. Políticos que acham que o Estado ainda não chegou ao seu caráter de independência. Horrendo. 

A Bahia que não tem coragem de se emancipar e aceita o caráter racista que deveria já está nos escombros da história. Ou alguém acha que existia ou existem nomes de pessoas ou de personalidades negras a nomear estes espaços? - Não. A grita é porque as pessoa tem avançado em compreensão do que é democracia e tem se insurgido para que todos sejam vistos nos espaços e não somente uma ou outra família. Uma se destaca em maior nomes. 

Esta atitude dos colegiados deveria ser afagada em público. Aplaudida de pé, inclusive pelo herdeiro político que deseja se arvorar a candidatar-se a governador do Estado. Mas, não. O ranço ditatorial peculiar das sub civilizações parece ser maior do que o sentimento republicano de um Estado que não tem dono. O povo baiano é e deve ser o verdadeiro dono de sua terra e história e, este grande exemplo vindo das escolas devem reverberar e inspirar outras diversas áreas da administração pública nestes 417 municípios deste grande Estado para a conquista, de fato, de um Estado independente. A esperança vem das escolas. 


Jocivaldo dos Anjos 

04/01/2021

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Servidor público não tem de ter empatia

Gel é a grande vencedora das eleições 2020 em Antônio Cardoso