Colégio Estadual do Campo Chico Preto

 



COLEGIO ESTADUAL DO CAMPO DAS UMBURANAS CHICO PRETO. (Port. 583/2021). 


Eu queria que fosse este o nome a ser estampado no muro da escola que ajudou a me fazer gente. (Porque a educação ajuda a dar o status de gente as pessoas. A educação em sentido amplo. Formal e não formal. Não que quem não estude na escola formal deixa de ser gente. É que a educação contribui na criticidade social e, na roça a gente aprendeu a chamar este povo que estuda de gente. Quando a gente fala que existe gentes a gente também entende que existe não gentes. Existe mesmo. E a escola nos ajuda a fazer diferentes leituras sobre as gentes. Mas, não é somente a escola que faz a gente sem gente de gente com gente. Ela ajuda a sistematizar o conceito de gente na gente. Vale lembrar que a educação é mais ampla do que a educação formal. Mas, ela tem um papel fundamental na sistematização dos conceitos. 

Mas, quanto ao nome COLEGIO ESTADUAL DO CAMPO DAS UMBURANAS CHICO PRETO em substituição ao nome antigo. Ah! Isso eu queria. Queria muito. Mas, não se coloca apelidos em órgão públicos. Mas, eu... eu gosto da radicalização da democracia e da demarcação da raça e dos esquecidos da terra. Dia cancelados da história. No entanto, a lei... esta lei que os homens brancos fizeram não permite ser assim nomeado o meu Colégio. Mas, sempre chamarei de COLEGIO ESTADUAL DO CAMPO DAS UMBURANAS CHICO PRETO. O antigo nome não me era um nome interessante. 

Meu município, minha escola, meu povo fazem história. Mas, não é qualquer história ou uma história fácil e simples. É a história de luta. De coragem. De ousadia. Não se trata de uma simples mudança de nome de um colégio. O símbolo desta mudança é uma parte do coroamento das lutas do povo. É libertação. 

Sai um branco e entra um preto. Um adulto/idoso e entra um jovem. Um urbano e entra um rural. Um senhor de engenho e entra um quilombola. Sai um político renomado e entra o porteiro da escola. Um porteiro da Escola. Não um porteiro mais. Entra O porteiro. Positivado pela lei que lhe dá status de artigo definido. Não é mais qualquer Chico. (Respeitando todos os Chicos). É Chico Preto. Escola que, doravante será sua. Eternizada em seu nome. - A única escola de ensino médio do município é sua, irmão. É de quem lutou por ela. Lutou como estudante, como servidor, como colaborador, como amante daquele pedaço de chão coberto por cimento, madeiras, suor, lágrimas e conhecimentos. Muito conhecimento e disputa de narrativas educacionais. Este é o lugar da escola. Este espaço político -dialógico -educacional é sua casa. A casa deve ser de quem cuida da casa. Não de quem visita a casa. Sai a tirania e entra um democrata. Um ser comprometido com o povo e com as causas do povo. Um jovem respeitado e respeitador, acolhido e acolhedor. O dono do corpo que carregava um dos sorrisos maiores que já vi. Meu município tem uma escola referência. Tem a escola que orgulha quem ama gente. 

Os estudantes que passarem por estes bancos escolares terão mais autoestima para compreender que também podem. Vão aprender a respeitar mais porque tem o nome do Porteiro escrito em seus cadernos. Vão sonhar mais porque um entusiasta dos sonhos vai ser escrito diariamente em suas páginas de vida. Em tempos na Bahia de um governo onde se é possível a democracia raiar como um farol a iluminar as decisões da comunidade escolar. Estamos em 2021 na Bahia. Podemos sonhar. 

Os estudantes, professores, gestores, familiares e visitantes  verão a foto de um negão parrudo e corajoso para encorajar a nossa lita do dia-a-dia. COLEGIO ESTADUAL DO CAMPO DAS UMBURANAS CHICO PRETO do município de Antônio Cardoso na Bahia, cidade mais preta do Brasil se torna histórico por diversos símbolos. Dentre estes estão cada acoite tomado e revidado. Cada corpo caído e resistido. Cada choro acolhido e cada quilombo criado. Neste espaço ostentaremos como símbolo a derrubada na tirania e a chegada da liberdade. “A luta não acabou e nem acabará. Só quando a liberdade raiar” ela há de raiar.  

Viva os de ontem! Viva as de hoje. Viva os de Amanhã. Vida o povo preto que não se entrega nunca. 

COLEGIO ESTADUAL DO CAMPO GENIVALDO DE ALMEIDA BRANDÃO - Antônio Cardoso -BA. Uma síntese de uma luta. Um símbolo de reconhecimento. 

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Jocivaldo dos Anjos

13/02/2021

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