Há um mal-estar na civilização brasileira

 



Há um mal-estar na civilização brasileira 


Não sei se tínhamos nas terras tupiniquins uma civilização com a consciência que achávamos. É que a gente confunde, é muito, religião com espiritualidade. Dizia o velho Freud que “é difícil escapar a impressão de que em geral as pessoas usam medidas falsas, de que buscam poder, sucesso e riqueza por si mesmas e admiram aqueles que têm, subestimando os autênticos valores da vida”. Temos uma família com referência de bem sucedida na vida brasileira hoje. Seja por vendas de chocolate ou seja pela iluminação de cargos eletivos. Eles são a referência. 

A referência refere-se ao direito. Ao direito sagrado de matar. Eles não apenas matam. Ocupam as ruas pelo direito sagrado de matar. Este direito de matar está acima do direito dos outros viverem. Vale o gozo de quem tem e não pode perder. Os que não tem e somente tem a vida por maior patrimônio que isolem-se. Não em casa. Mas, num leito (de ainda achar) ou num caixão encadeado e vedado para  o cheiro de morte não exalar e prejudicar os negócios. Ocupam as ruas. 

Ocupam as ruas, riem dos choros e desdenham das dores. “É daí? Vou fazer o que?”. “Vai ficar com este mimim até quando?”. Enxugue as lágrimas. Aliás, nem chore. Não perca tempo com isso porque tem uma máquina te esperando para produzir. Produzir a riqueza de quem tem o direito de matar. Coloque a Bíblia embaixo do sovacos, decore passagens descontextualizados e contextualize em tudo. Pegue duas armas. Uma no coldres e outra na cinta. Grite  mito e siga a carruagem. É isso, Freud, “não é fácil trabalhar cientificamente os sentimentos”. Por isso, a ciência faz parte não de um segundo plano. Nem no último plano está. Não há plano para a ciência. Plana é a terra. A ciência é enganadora. Se não pôde enterrar os seus espere outro morrer por outra causa. Da na mesma. Você precisa de trabalhar. De produzir. De se sentir útil. Há sim um mal-estar na civilização brasileira e “para fora deste mundo não podemos cair”. É tempo de tombar. Tombar para dentro. 


Jocivaldo dos Anjos

06/03/2021

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