Guedes e a esmola de sobra de comidas
“Tudo demais som sobra. E a sobra ninguém quer”
Cresci ouvindo mainha falar esta frase. Desta forma como está escrita. Quiçá os legalistas da língua, sabichões da “dramática” brasileira da língua portuguesa dirão que há erros na frase. Explico: primeiro: em quase todas as entoações a forma fonética que sai (e fica) quando falamos a palavra são é sim, de fato. Especialmente quando entoada pelas bocas dos menos escolarizados pela “letra da escola”. E a palavra sobra, aprendi com a universidade que quando o primeiro elemento vai para o plural na frase, entende-se o segundo mesmo sem que este vá. Mas, fora as “amenidades” que são maiores, para mim, porque trata sobre meu povo, vamos ao assunto do texto.
Luiz Gonzaga afirma que “a esmola deixa o homem sem vergonha”. Assim sendo, quem recebe uma esmola se sente e fica menor após este feito. E quando esta esmola se trata de alimentação ainda mais humilhante há de ser. Mas, estas coisas não se encontra no posto Ipiranga, alcunha do ministro da economia Paulo Guedes, dado pelo presidente Jair Bolsonaro.
No último dia 17 de junho, numa reunião com os representantes de rede de supermercados ele afirmou que o problema do Brasil é que sobra muita comida. Supondo que as sobras das casas das famílias e dos restaurantes devem ser aproveitados. Ou seja: quando os que podem pagar se empanturrarem de comida poderá passar para os que não podem comprar a comida suas sobras. E não acaba por aí.
O ministro ainda propôs que nas gôndolas dos supermercados não podem ficar os produtos com proximidades das validades. Estes devem ser comprados pelo Governo Federal para ser distribuídos para quem? Para aqueles que não podem pagar.
Pois bem, aí reside a leitura de uma submente para cuidados com um subpovo. Para o ministro as pessoas que não possuem renda para comprar merece ter um alimento saudável para se alimentar. Deve comer as sobras dos que podem pagar. E, não podem demorar com este alimento em casa porque já vai receber na reta final.
Num dos meus poemas “ouçam o gemer dos homens”, feito em 2000, tem uma estrofe que diz: “bocas negras só comeram sempre sobras. São as mesmas bocas que reclamando hoje cobram: justiça dignidade e paz”. Pois, as pessoas que não podem comprar estes alimentos são em maioria absoluta o povo preto.
Lembram do poema o bicho? Aquele que disputa alimentação vencida!!! Lembra do Quarto do Despejo de Carolina de Jesus? Que fala sobre o isso de alimentos estragados? Pois é. O ministro Paulo Guedes sabe também. Sabe e quer reeditar no Brasil de forma legalizada e com a proteção do Estado.
Ministro, “tudo demais som sobras. E a sobra ninguém quer”.
Basta de vocês!
Jocivaldo dos Anjos
18/06/2021
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