Casais longevos são amigos
Casais longevos sao amigos.
Ninguém convive com outra pessoas se não houver um compartilhamento de sentimentos comuns. Ocorre até alguns desaprendizados, outros aprendizados e criação de pontos de intersecções que tornam a vida a dois comum. Comum em seu sentido amplo. A ideia de unidade. É isso que sustenta relações por muito tempo. E mais: se tornam uno. Este desfazer que é difícil.
Geralmente quando uma das partes do casal longevo é apartada pela partida de um dos dois o outro fica somente uma parte. uma parte menor que a parte em si ainda. Via de regra se ancoram em possibilidades de fugas. Dentre estas estas fugas está a religião. Porque engana-se quem acha que os filhos e netos substituem o ente que se foi. Estes ocupam outro espaço nestas vidas. Espaços ímpares e insubstituíveis também. E mais: casais antigos tem dificuldades grandes, quase impossíveis, de se relacionar com outras pessoas quando civilmente o encontro da vida com ela mesma ocorre. Acreditam ser ainda traição ainda que o que se foi não esteja mais. Para ser redundante. o afeto é guardado como se fosse uma presenca permanente do que se foi, mas, ficou.
A amizade construída tem de tudo. Birras, brincadeiras, aceitações, confabulações, respeito, companheirismo, discordância… mas, antes de qualquer coisa um sentimento de unidade: o amor.
Quem passa 50 anos com outra pessoa não faz isso senão pelo amor. Não suporta tantas dificuldades senão pelo maior bem do mundo. Porque o romance necessariamente não precisa de ser romântico o tempo todo. Tem discordâncias as vezes, mas, superações também. Muitas superações.
Casais antigos são bonitos. Tem uma beleza inexplicável. Tem uma cessão e um encontro que provoca algo lindo de se observar. São tão próximos que em algum momento confunde o remédio de ou com o do outro. As vezes um é o outro. De tanto conviver não somente sabe o que o outro tem. Mas, também sente o que o outro sente. Difícil é sentir sozinho após uma apartação. Dizem que cavalo velho não aprende a marchar. Mas, humanos necessitam desta prerrogativa. O que não se trata somente de um aprendizado. Se trata também de um desaprendizado. Como desaprender após os 70, 80 anos? Não tenho as respostas. Até para fazer a pergunta me relutei.
Devem no início sonhar todas as noites quando um se vai. Isso no início logo. E após o início deve desejar ser buscado ou buscada por quem não se apartou jamais. Nas lembranças de fotos ou na imagem impregnada na mente. Amigo é a pessoa que você se identifica tanto. Mas, que não é você. Somente por identificação assim é que se vive tanto tempo. Vive sendo o outro ou outra. O identificado. E, estando sozinho ou sozinha, continuará a viver com esta identificação. Passará a imitar alguns gestos (bons ou nao) daquele/a que se foi. Aias, pode até imitar os defeitos. Somente para lembrar do que se foi que aceitava-se até os defeitos e preferiria a sua presença ainda que com estes defeitos.
O amor é isso: uma relação de amizade que a vida permite e gentes constroem. O mais é inspiração.
Jocivaldo dos Anjos
10/01/02021
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