Servidor público não tem de ter empatia
Gestores públicos não precisam de ter empatia
Estamos no tempo do modismos pelas palavras. Elas correm solta às bocas miúdas, e grandes, muitas vezes de forma descontextualizadas e incoerentes. Especialmente as da moda. Por se falar em moda e incoerência me valho da palavra que qualifica o título deste texto: a empatia.
Empatia é a capacidade de compreender emocionalmente um objeto. Tratá-lo a partir das condições psíquicas e comportamentais do indivíduo que a projeta. Ela, portanto, revela um traço da personalidade daquele sujeito acerca de assuntos, coisas, pessoas… uma decisão pessoal e unilateral.
O uso desta palavra em contextos onde ela não deveria existir tem contribuído para o desgaste da mesma. Não é o uso que a fortalece, mas, o mau uso que a deteriora.
Usá-la em repartições públicas para qualificar o sujeito atendente, servidor público e portanto gestor de tal política a qual representa, como um bureaucracy street-level (burocrata a nível de rua) é um equívoco. Mas, não somente um equívoco. Se trata da deteriorização do valor semântico da palavra e da legislação vigente que orienta o serviço público.
Servidores públicos não precisam e nem têm de ter empatia com ninguém. Com alguém ou com qualquer um. Servidores públicos têm por obrigação o seguimento do regramento legal de guardião do Estado democrático de direito. Não se trata de uma posição pessoal, traduzida pela empatia, a prestação do seu serviço. Se trata de uma obrigação legal ao cargo o qual ele ou ela está investido/a. O cidadão detentor do direito de acessar a política pública não tem nada a ver e nem o menor dever de aceitar as posições pessoais de qualquer servidor que seja. Seja elogiosa ou destrutiva. As condições psíquicos e emocionais pertencem a pessoa inevstida no cargo e não ao cargo em si. Quem procura os serviços procura acessar o Estado e não o servidor. O servidor está naquele local representando o Estado e como Estado deve se comportar. Logo, atender, dentro da legalidade e das possibilidades oferecidas, as demandas apresentadas.
Portanto, despersonalizar as representações se faz mister para a garantia e construção cotidiana de um Estado que cumpra preceitos que constam no Art. 37 da Constituição Federal, como a impessoalidade. Na constituição não consta a palavra empatia como atributo do servidor. Estado é Estado. Gente é gente. O Estado é para servir as gentes. Não para estar sob o humor de quem está investido em cargo público e sendo remunerado a partir da transformação dos impostos recepcionados nos cofres e devolvidos em serviços públicos. Por menos empatia e mais dever.
Sigamos!
Jocivaldo dos Anjos
05/03/2022
Perfeitas as colocações
ResponderExcluir👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻
ResponderExcluirExcelente, Prof!
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