Uma ouvidoria que fala

Uma Ouvidoria que fala. É no diálogo que as pessoas se fazem gentes. Esta máxima foi proferida por um dos maiores seres humanos que habitou esta terra e fez morada sobre ela. Não sob. Porque alguém da estatura de Paulo Freire não sucumbe com a despedida carnal. Ele é eterno e libertador para além dos tempos. Aproveitando Freire e sua defesa incansável do diálogo, aproveito para falar sobre o papel da Ouvidoria. Local de gestão que ocupamos neste momento. E, com este título sugestivo, um título que nos orienta a não ser o muro das lamentações, tampouco um local de oitivas, tão somente. Ou como é dito no popular no setor, "resolvederia". Mas, um lugar que deva servir para orientar e aprimorar os diálogos e conhecimento. E, sendo a segunda instância, uma vez que na primeira não se resolveu, a ouvidoria é um local de resolver o que a primeira instância não conseguiu cumprir sua função estratégica. Superar a ideia de que a Ouvidoria serve somente para prestação de queixa sobre políticas públicas que não estão ocorrendo de acordo com o desejado e, portanto, é passível de crítica para ajustes. Mas, um espaço acolhedor. Anunciador também! A gente somente crítica o que conhece. Logo, a Ouvidoria pode anunciar outros conheceres para que a população também possa criticar e /ou sugestionar. Possa dialogar sobre. Possa propor sobre e possamos realizar sobre. Desta forma, a Ouvidoria precisa de falar também. Pois, quando há uma política pública universal que não tem nenhuma demanda sobre ela pode estar ocorrendo duas coisas quase que impossíveis: ou agradou a todos, por isso crítica zero; ou não agradou ninguém e por isso um possível abandono também. Mas, esta possibilidade incerta deve ser descartado por quem conhece a pluralidade da realidade humana. A Ouvidoria deve servir também para perguntar para os/as cidadão/as sobre as ausências. Sobre algumas políticas sem demandas, sem planejamento. E aí, poderá escutar que ou não conhece a política ou não conhece a Ouvidoria. Estes nãos também são indicadores imprescindíveis para Gestores de políticas públicas. Nestes nãos moram gentes e habitam sonhos. Esses nãos existem e devem existir quantos mais nãos existirem, inclusive, mais investimentos e políticas públicas. Talvez seja o não o maior indicador de políticas públicas que devamos aproveitar. Logo, se a Ouvidoria não fala os nãos, permanecem construindo os seres dos nãos. Os seres os quais não acessam, se acessam não sabem reivindicar e se não reivindicaram não ajudam a melhorar. A Ouvidoria que fala deve servir para a superação dos nãos. Ir além. Para a construção dos sins e para a escuta de sons e sonhos que não podem permaneceram emudecidos. Toda fala precede uma escuta e toda escuta faz um encontro. É para isso pela qual a Ouvidoria deve existir, missionária. Para permitir e projetar encontros. Sigamos

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