Do invasivo ao brilhante
Do invasivo ao brilhante: uma soma de preconceitos embutidos
Os corpos interseccionados sobrevivem sobre um embaralhamento diário de representações. Falo das interseções que a sociedade ideias e já escolheu o não lugar para estas existências. Lugares como limpar o chão, fazer a comida, procurar empregos, ser encarcerado, morrer moderno. Moderno, inclusive, como atributo da modernidade. Estes são a naturalização dos corpos pretos no Brasil. Quando estes corpos pretos trazem consigo outras idiossincrasias aí aumenta um pouco mais e forja nas mentes das pessoas uma espera destes. Espera sempre o menos e o pior. Espera p silencio, que a voz assuta. Espera a subserviencia que a proatividade fere. Se se juntar o fato de ser roceiro, pobre, gay, mulher, jovem, macumbeira… aí é que a cada soma diminui-se a expectativa sobre estes corpos. Estes nao são corpos amaveis. No Brasil a partir do preto os demais somente somam.
Por esperar pouco destes corpos as vezes quando um ou outro se sobressai e não é nem tão qualificado assim a titulação de brilhante já lhe é atribuído mesmo sem uma acurada análise do conteúdo e da semântica sobre a carga que o brilhantismo ostenta em si.
Quando estes corpos contestam espaços estamentados pela ausência de falas destes vem outros qualificadores depreciativos para informar que não se é bem-vindo estes falares. Estas qualificações vão de um canto a outro para desqualificar. Esperam que estes corpos peçam bençãos e autorizações. Se estes visitarem Catharine Walsh nas grietas, Conceição Evaristo nos gritos e bell hooks no amor feminista… estes são corpos indesejados. Assim como é indesejado as leituras miudas de feminismo. independe de onde parta. O feminismo preto é e deve ser libertador. Quem não entendeu,não entendeu a lição.
A verdade é que a sociedade projetou uma idealização destes corpos. Esperam sempre algo deles e estes não podem sair desta espera para não criar situações desconfortáveis.
Se estes corpos aceitarem serem dóceis e aceitáveis presta um desserviço histórico. Não precisa de confrontar necessariamente, mas, de se posicionar historicamente e conjunturalmente. Se esta posição for um confronto, paciência. Porque o problema está nos corpos que esperam a docilidade destes e não nestes que sobrevivem contrariando as estatísticas corporais.
Estes corpos precisam de se manter corpos e mentes apontadas para todos os lados da história. Para continuar sendo corpos necessários a um projeto confrontante com as esperas preconceituosas. Facemos e esperemos mais da gente.
Sigamos!
Jocivaldo dos Anjos
09/05/2022
Facemos e esperemos mais da gente! Texto necessário.
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