Eu era a juventude

Eu era a juventude Nos espaços de gestão pública na Bahia por onde passei atuando com a pauta de promoção de políticas públicas para a juventude eu me tornei a juventude. Este reposicionamento substantivado pronominal não se deu por conta da pauta. Mas, necessariamente, por uma construção de indefinição do sujeito. Eu não era um sujeito. Eu era uma coisa. E as coisas se nomeiam de qualquer forma. Logo, metonimizar-me foi a forma mais fácil de não esquecer o que eu representava. Não eu. Eu, continuava um ninguém que representava um nada. A pauta de juventude é algo novo e ainda não gozador de direitos totais, ainda que positivado pela lei. Ralei para ter um nome. Um nome de de nove letras, de quatro letras ou de duas letras. Consegui ter. Refletir a caminhada deve servir para ajudar a gente a seguir caminhando. Para orientar por onde abrir os caminhos, para quem e as formas que estes caminhos podem e devem ser abertos e quem deve caminhar por eles. Saber da caminhada. Não sou mais a coisa, ciosamente, que Drummond retrata. Ou como diria Chico: se todas as coisas tem nomes: bola boneca e jardim. Coisas não tem sobrenome. Mas, a gente sim. E eu que nem nome tinha? Quanto mais sobrenome. É pela constituição de nomes dos desnomeados que me movo diariamente. Pela escuta dos nossos nomes. Por podermos falar os nomes dos demais. Mas, principalmente falar os nossos nomes. Os nossos melhores poemas. Aqueles que nos tocam e as pessoas percebem que existimos. Porque a gente só existe se existir para alguém. Ninguém existe para si mesmo. Pronomes não podem substituir substantivos. Não devem. É pelos nomes e pelo direito aos nomes que sigo. Sigamos! Jocivaldo Bispo da Conceição dos Anjos 13 de maio de 2022

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