A hermenêutica da juventude brasileira

Juventude e ações finalísticas: a hermenêutica do movimento estudantil Este texto terá como perspectiva avaliar brevemente ações promovidas pelas juventudes partidárias no Estado da Bahia em duas vertentes. A primeira é a participação deste segmento no governo e a segunda no tocante à mobilização eleitoral. Esta análise se dará com um recorte analítico sobre estas duas temáticas, na interpretação da juventude e na promoção de ações para chegar, convencer e conquistar o segmento mais amplo de todas as juventudes. A juventude partidária brasileira tem o cordão umbilical no movimento estudantil. A partir deste lugar é que muitos políticos do campo da esquerda chegaram a conquista de cargos eletivos e de gestão. Por conta disso, a experimentação de outras possibilidades interpretativas da juventude não são observadas ou são poucas observadas quando se pensa nesta promoção. Ocorre que nem todos os jovens são estudantes e nem todos os estudantes são jovens. E cada vez mais outras configurações juvenis tem disputado e ganhado espaços de notoriedade e desta forma desafiando o modelo estampamentado pela esquerda na concepção de juventude. O movimento estudantil se organiza na perspectiva de ações finalísticas. Mesmo porque não tem como ser diferente. Este aprendizado que as juventudes partidárias têm é o não acesso a outras metodologias e epistemológicas juvenis no campo organizativo faz com que estes jovens inseridos nos partidos levam para todos os espaços este modelo como o único possível. Esta posição tem afastado parte importante das juventudes que querem se ver representadas destes espaços. A juventude sindical, por exemplo, mesmo sendo do campo da esquerda não consegue obter espaços de notoriedade nesta hermenêutica e tem se afastado tanto das instâncias partidárias o que leva aos seus próprios enfraquecimento e posteriormente ocorre uma diminuição da mobilização e do poder deste segmento nos próprios sindicatos. Tratar a juventude nos aspectos de mobilização política e eleitoral bem como na gestão somente do ponto de vista de ações finalísticas é um erro. Pois, desta forma reduz a juventude a um gueto, não consegue expandir a temática, não transforma o tema em algo sistêmico, como deve ser, e responsabilizar todos os segmentos pela garantia destes direitos. Os direitos da juventude é dever de todos. Sejam eles direitos a participação da vida política e eleitoral, ou seja, no aspecto da política pública. Nos partidos viram um segmento “problemático” e com poucos recursos disponíveis para se organizar. Na gestão não conseguem ajustar e garantir uma pauta sistêmica. Com orçamento reduzido e dialogando, mesmo na gestão, somente com a chamada “juventude organizada”. Que são as mesmas juventudes do movimento estudantil. Uma espécie de “coçar pra dentro”. Geralmente nas pautas juvenis não se tem percebido a colocação do segmento etário e político ancorado num modelo de desenvolvimento. Nas ações macros que cada ação pode e deve resultar para a garantia destes direitos e a promoção de jovens mais felizes. Ações que vão desde as políticas sociais como saúde, representatividade, seguridade social até as mais ligadas ao campo econômico da infraestrutura e emprego chegando como uma das ações de macroeconomia. Qual a adoção do tripé macroeconômico impacta na vida da juventude brasileira? Onde está a juventude nestas proposições macros? Quiçá parte considerável da “juventude organizada” não consiga compreender esta dimensão como estratégica para a garantia de direitos. Abordar a juventude somente dos vieses das políticas sociais não é somente um equívoco. É uma decisão deliberada por parte da própria juventude de somente incluir os amigos dos amigos e quem pensa neste modelo miúdo de gestar e de gestão de política de juventude. Não somente, não agrega! Mas, desagrega! Desagrega outros jovens que têm interesse em também serem vistos enquanto jovens; desagrega com outros gestores de políticas públicas que se sentem desresponsabilizados pela temática e desagrega com a gramática social e a narrativa da juventude nos diversos segmentos sociais. Não se trata de culpar o modelo que já existe há muito tempo. Se trata de refletir com coragem sobre a quem este modelo serve, até onde ele chega, quem se beneficia com ele e por que não se consegue pelo menos pensar num modelo mais agregador das juventudes. Não tenho resposta para isso. Mas, tenho inferências e ideias. Se tem um modelo que aprisiona a juventude em seu sentido ontológico numa hermenêutica defasada, é alguém que não a juventude que está ganhando com este modelo, este segmento o qual ganha com isso deve ser o segmento adulto. O segmento que controla está juventude no sentido econômico, pois coloca a juventude na franja partidária para viver das migalhas que sobram. Na gestão que os adultos pilotam os grandes orçamentos e projetos e colocam mais uma vez a juventude com a “cuia nas mãos” para ficar atrás de dinheiro a fim de realizar eventos e proveitos. Porque também se entende, esta mesma juventude como um evento e isso basta! Um eventismo para um juventudismo, como já citei noutros momentos. A doença da interpretação juvenil viciosa. E assim, segue a tônica do controle da juventude pelos adultos por não lhes proporcionar espaços de poder e nem incentivar a busca destes. Porque quanto mais espalhados e enfraquecidos se torna melhor o controle por parte dos adultos a estes corpos. E são corpos de verdade, pois as ideias da juventude, na maioria das vezes são desconsideradas ou motivos até de chacota entra os espaços adultos. Urge estas juventudes estudarem sobre si. Entenderem sobre si. Compreenderem sobre poder, sobre orçamento para verificarem se estão sendo bem tratados e se estão tratando os demais jovens da maneira correta. Se olhar no espelho é um desafio. Mas, faz a gente perceber as rugas que tomam rostos que se aparenta juvenis que se comportam na égide de um adultismo colonizador. Colonizados dos próprios jovens e de si próprios. Ou reflete as práticas com a coragem da incompletude da humanidade e necessidades de aprendizados cotidianos a partir das convivências com as diferencias e a priorização dos mais necessitados ou não anda numa trajetória de libertação e de auto-libertação. É precisa andar para perceber as correntes que prendem pés que deveriam estar correndo. Mas, estão sentados. Coragem! Sigamos! Jocivaldo dos Anjos 09/07/2022

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