
Nasci para morrer de sete. Morrer de sete, quatorze ou vinte e um... Assim me diziam quando era eu pequeno, ou melhor não me diziam. Nossa sociedade não permite o diálogo com as crianças. Mas resisti. Crescer comendo “chocha” (chocha é café com farinha) é uma resistência. Aliás, quando Euclides da Cunha disse z que “o sertanejo é antes de tudo um forte” é nesta linha, como sobreviver com tantas dificuldades. E, como a saúde e a roça andaram em paralelo, morrer de sete, quatorze ou vinte e um não era lá novidades. Mas não, eu resisti. Na resistência tiveram que me batizar, para não morrer pagão, e de me darem um nome. O batizar na roça é maior do que o nome. A religião sobrepõe o Estado. Daí, herdando de meu pai a letra J, aliás, na roça se usa –ou usava- a primeira letra do nome do pai para os nomes masculinos e a primeira letra do da mãe, para os femininos. Ah, as mães da roça se assemelham também com Palagueia Nilovna de Gorki... Mas deixemos Gorki por ora. Vamos ao meu nome. Me...